Brasília – Depois da tensão pré-sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e da maratona de 12 horas até a aprovação, por 20 votos a 7, do nome de Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal (STF), o governo retomou ontem as articulações para evitar sustos na votação em plenário, marcada para a terça-feira. As conversas com os senadores estão a cargo do vice-presidente da República, Michel Temer. “O Senado é diferente da Câmara, onde os ministros podem conversar com as bancadas. No Senado, cada parlamentar necessita de um processo de convencimento individual”, afirmou um articulador do governo, lembrando que a votação em plenário é secreta.
A projeção do governo é de que a proporcionalidade verificada na votação da CCJ se repita no plenário. Com isso, a expectativa é de que Fachin tenha entre 50 e 60 votos favoráveis, com uma votação contrária próxima de 20. A própria diferença de 13 votos a favor dele na CCJ é vista com entusiasmo pelos governistas. É verdade que os sete votos contrários foram um número expressivo, o mais alto das sabatinas recentes, “mas, na sabatina do ministro Gilmar Mendes, por exemplo, a diferença foi de 10 votos (16 a 6), e ele acabou sendo aprovado, posteriormente, em plenário”, avaliou um aliado da presidente Dilma Rousseff.
O Planalto conta como certos, por exemplo, os votos de partidos que não estão alinhados com o governo, como o PSB, o PPS e o PSol. “Nós vamos votar fechados a favor da indicação”, garantiu a líder do PSB no Senado, Lídice da Mata (BA). Ela é líder de um bloco parlamentar que inclui o PSol, o PPS e o PCdoB. “Creio que a maioria de nossos parlamentares votará a favor da indicação”, aposta. No caso do PDT – legenda que tem votado sistematicamente contra o governo, incluindo as duas primeiras medidas provisórias do ajuste fiscal –, o Planalto espera obter quatro dos seis votos dos senadores pedetistas.
O vice-presidente pediu ao novo líder do governo na Casa, Delcídio Amaral (PT-MS), que ajude na conversa com os senadores. “Delcídio é leve, tem habilidade na conversa. Mas é preciso que o Planalto também o ajude na tarefa de interlocução”, disse o companheiro de bancada, senador Walter Pinheiro (PT-BA).