O Diretório Nacional do PSOL decidiu, na tarde deste sábado, expulsar do partido o deputado federal Cabo Daciolo (RJ), por “incompatibilidade com o programa”. Evangélico fervoroso, Daciolo irritou a direção do PSOL ao apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) cujo objetivo era substituir a locução “Todo poder emana do Povo (...)” por “Todo poder emana de Deus”, no preâmbulo do texto constitucional. Ao todo, 53 integrantes do Diretório votaram pela expulsão. Uma integrante votou pela permanência e outros dois se abstiveram. O partido decidiu também que não reivindicará o mandato de Daciolo na Câmara.
Militar do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Daciolo tornou-se conhecido depois de liderar uma greve dos bombeiros no estado. A ex-deputada estadual Janira Rocha, aliada de Daciolo, foi a única a integrante do Diretório a votar contra a expulsão dele. Segundo ela, Daciolo recorrerá da decisão ao Congresso do partido, que ocorre no fim do ano. A bancada do partido na Câmara passa a ter quatro integrantes a partir de agora.
“É importante frisar que o PSOL abriga e respeita pessoas de todas as crenças, e até de nenhuma crença”, disse o líder da bancada do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ). “Eu mesmo sou religioso, tenho uma história na Igreja (Católica)”, disse ele à reportagem. O PSOL chegou a cobrar de Daciolo que retirasse a PEC, mas ele negou. “Vamos continuar dialogando com ele e queremos que ele se mantenha próximo da nossa bancada. Até porque, em várias ocasiões, ele votou alinhado ao partido”, disse Chico, citando como exemplos as MPs do ajuste fiscal e a posição de Daciolo contra a redução da maioridade penal para 16 anos.