Com essa argumentação, o texto apresenta a fusão como "alternativa real ao atual governo federal", mais do que a união de dois partidos. O artigo destaca que PSB e PPS estiveram juntos na campanha de Eduardo Campos - sem citar o nome de Marina Silva, que assumiu a cabeça de chapa após a tragédia e que agora segue empenhada em criar sua Rede Sustentabilidade. "É justamente a partir dessa aproximação que prosperou a tese da fusão entre os dois partidos, com intuito de oferecer à nação uma plataforma política conectada com os anseios da sociedade contemporânea e que dialogue com o século 21", diz o texto publicado nesta segunda.
O artigo não usa a expressão "terceira via", mas reforça os conceitos de mudança e renovação na política. "O que a sociedade deseja é encontrar novos atores e novas formas de se expressar e participar", diz um trecho. "A sociedade pede mudança, um novo mundo pede passagem e este caminho já começou", diz outro.
No último parágrafo, o texto também faz crítica ao governo centrando no escândalo de corrupção e na continuidade do PT no poder - sem contudo citar o partido da presidente Dilma Rousseff diretamente.
Enquanto a ala majoritária do PSB, liderada pelo presidente paulista da legenda Márcio França, defende a lógica histórica e o cenário atual como argumentos para basear a fusão, o movimento desagrada a quadros históricos do partido, como Luiza Erundina (SP), Glauber Braga (RJ) e o secretário sindical do partido, Joilson Cardoso. Joilson foi a única voz na Executiva Nacional do PSB a abertamente desaprovar a fusão, argumentando que o PPS hoje tem uma postura muito mais conservadora que o PSB no Congresso Nacional. "Não vejo congruência em uma fusão com o PPS. Eles têm uma postura no Congresso de direita, enquanto nós mantemos uma posição crítica ao governo, mas de independência", disse Joilson à reportagem no fim de abril, quando a Executiva deu aval para que a negociação de fusão avançasse..