A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) rompeu o contrato com a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) para a exploração das fontes de águas minerais de Araxá, no Alto Paranaíba, e Cambuquira, Caxambu e São Lourenço, no Sul de Minas. O distrato foi comunicado oficialmente no dia 14. A Copasa, que tinha a concessão para a exploração por meio da subsidiária Águas Minerais de Minas (AGMM), permanece no controle das fontes até 1º de junho. A partir daí, a Codemig deve fechar um contrato tampão com a Copasa até que uma nova concessionária assuma a exploração e o envasamento das águas, consideradas entre as melhores do mundo.
A Codemig é a detentora da concessão dessas fontes, repassada para a Copasa em 2007, depois da criação, no ano anterior, por meio de um projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa, da AGMM. Procurada pela reportagem, a Copasa afirmou que, “para minimizar os impactos financeiros da crise hídrica, a companhia decidiu reduzir as ações que impactam negativamente em seu resultado. A Águas Minerais de Minas historicamente sempre foi deficitária, com prejuízo anual na ordem de R$ 6 milhões a R$ 8 milhões.” Informou ainda que pelo período de 12 meses a Copasa “irá prestar serviços de operação e comercialização da Águas Minerais de Minas até a Codemig encontrar uma solução”.
Por meio de sua assessoria, a Codemig disse apenas que “implantará seu novo modelo de gestão referente aos direitos minerários, equipamentos e instalações de envasamento das águas minerais de Caxambu, Lambari, Cambuquira e Araxá. Com isso, a companhia assegura a continuidade de operação, manutenção e vendas das águas minerais, considerando sempre a importância de sua atuação estratégica em prol do desenvolvimento socioeconômico do estado de Minas Gerais”. Questionada sobre quem deve assumir a exploração das águas, a companhia não quis se manifestar.
Os prefeitos das cidades onde as fontes estão localizadas não foram ainda oficialmente comunicados do distrato.
Histórico
As fontes foram exploradas pela Superágua Empresa de Águas Minerais até 2005, quando o contrato de arrendamento com a Codemig foi encerrado, paralisando completamente a produção. Em 2006, a Codemig abriu um edital de licitação para novo arrendamento dos direitos hidrominerais, mas o edital foi questionado pelo Ministério Público e por organizações não governamentais das cidades onde as fontes estão localizadas e acabou alterado. Com as mudanças, que previam uma exploração em menor escala, nenhuma empresa se habilitou e os parques minerais acabaram sendo entregues à Copasa. Segundo apurou a reportagem, a Codemig deve abrir uma nova licitação e já existem multinacionais interessadas na exploração, o que preocupa moradores da região.