"Só a Camargo Corrêa pagava propina?", perguntou o juiz federal Sérgio Moro, que dirige as ações da Lava Jato. "Não. Eu cheguei a ouvir de outras empresas que elas pagavam propina", afirmou Leite. "O sr. pode me esclarecer?", insistiu Moro. "Posso. O doutor Ricardo Pessoa uma determinada vez me comentou 'pô essa situação é desconfortável, né? Esse acerto que a gente tem que fazer esses volumes de dinheiro'.
Pessoa já é réu da Lava Jato. Ele foi preso no dia 14 de novembro de 2014, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Juízo Final, fase da Lava Jato que pegou o braço empresarial do esquema implantado na estatal petrolífera. Pessoa está fazendo delação premiada na Procuradoria Geral da República no âmbito dos inquéritos envolvendo políticos com a corrupção na Petrobras.
Os executivos da Odebrecht, como Faria e outros, ainda são investigados em inquérito e deverão ser denunciados nas novas etapas da Lava Jato. A empreiteira é considerada pelos investigadores uma das líderes do cartel, que se organizou para combinar e fatiar obras bilionárias da Petrobras.
O coordenador da força-tarefa da Lava Jato procurador Deltan Dallagnol afirma que as apurações já identificaram um total de R$ 6 bilhões em propinas na Petrobras, mas esse valor pode ser mais elevado, ainda, a partir dos processos envolvendo a Diretoria de Serviços, cota do PT no esquema, e a de Internacional, cota do PMDB.
O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa é réu confesso do recebimento de propinas na estatal. Admitiu ter recebido os valores da Camargo Corrêa. Renato Duque, ex-diretor de Serviços, nega envolvimento no esquema. Pessoa, que até agora negava, acabou de fechar acordo em que negocia uma delação premiada.
Os executivos da Odebrecht negam o esquema. A empreiteira afirma que não participou do cartel montado na estatal e que nunca pagou propinas a nenhum diretor da Petrobras..