Brasília – Quatro das empresas que demonstraram interesse na parceria público-privada (PPP) para a ampliação da Câmara doaram, juntas, R$ 10,5 milhões nas últimas eleições para 10 deputados federais, 20 estaduais e oito candidatos a governador. Há repasses para oito partidos, incluindo legendas oposicionistas (PSDB, DEM e PPS) e da base do governo (PT, PTB e PR). Candidatos do PMDB, legenda responsável pela articulação para aprovar o artigo da Medida Provisória 668 que permite a realização de PPPs pelo Legislativo, também foram contemplados. Emsa, Via Engenharia, Concremat e Servi são as empresas que devem disputar a implantação do projeto. O projeto, que inclui a construção do parlashopping nas imediações da Câmara, terá custo total próximo de R$ 1 bilhão.
Na tarde dessa quinta-feira (21), o PPS protocolou mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular os efeitos da proposta que trata das normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privadas para a construção do anexo. No documento, o líder da legenda, deputado Rubens Bueno (PR), pede a anulação da votação, que, em sua avaliação, não cumpriu os requisitos previstos na Constituição para apreciação de MPs.
A chamada “emenda do shopping” foi incluída no texto do projeto de conversão da MP nº 668, que aumenta as alíquotas de Contribuição para o PIS-Pasep-Importação e da Cofins-Importação. “Não é de interesse da educação, não é de interesse da saúde, não é de interesse da segurança nem do povo brasileiro votarmos uma matéria como esta que vai envolver milhões de reais. Tenhamos o mínimo de sensibilidade.
Repercussão
O deputado Júlio Delgado, adversário de Cunha na disputa pela presidência da Câmara, também criticou a proposta. “Não podemos transformar a Câmara, que é o local de participação do povo, num local onde se faz negócios. Um patrimônio público virar ação de direito privado é uma aberração. Nós somos representantes do povo, não somos clube de amigos. Não podemos resolver nossos problemas e o povo é que se dane. Isso é uma aberração. Não podemos transformar patrimônio histórico em palco onde se vai ter negociação do direito privado. Isso aqui não é sociedade anônima nem sociedade de economia mista.”
Ao todo, 273 deputados votaram a favor da proposta e 183 foram contrários. Sete se abstiveram. Até mesmo parlamentares que apoiaram a eleição de Cunha ficaram constrangidos em apoiar a medida.
No começo de março, Cunha removeu o engenheiro Maurício da Silva Matta da chefia do departamento técnico, depois dele conceder entrevista sobre o tema. No fim daquele mês, a Câmara publicou a Proposta de Manifestação de Interesse (PMI), uma espécie de edital preliminar para a PPP. E, na semana passada, o primeiro-secretário da Mesa, Beto Mansur (PRB-SP), realizou uma reunião preliminar com cinco empresas interessadas em obter a concessão do espaço. Além do consórcio Emsa/Servi, da Concremat e da Via Engenharia, participaram da reunião representantes da Planos Engenharia e da Ceres Inteligência Financeira..