O relator da Comissão Especial da Reforma Política, Marcelo Castro (PMDB-PI), classificou a manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de cancelar a votação de seu parecer no colegiado como "autoritária e desrespeitosa". Questionado sobre a indicação do presidente da comissão, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para relatar a proposta em plenário, Castro disse que Cunha precisa de alguém "submisso" à sua vontade.
Castro só foi informado do cancelamento dez minutos antes do horário previsto para o início da sessão. "É um gesto autoritário e desrespeitoso ao trabalho que foi feito", afirmou Castro no plenário em que aconteceria a votação. "Este não é o relatório do Marcelo Castro. É o relatório da maioria da comissão", disse ele. "O relatório não é para ele (Cunha) gostar. O relatório é para atender o sentimento da Casa", afirmou o relator.
Ao ser questionado sobre a escolha de Rodrigo Maia para assumir a relatoria da reforma política no Congresso, Castro disse que ele está "a serviço do presidente da Casa". "(O relator em plenário) Tem que ser um submisso à vontade do presidente da Casa".
Deputados e prefeitos que foram a Brasília para a Marcha dos Prefeitos, na próxima quarta-feira, 27, também se indignaram com a suspensão da votação. "Antecipei minha vinda para acompanhar esta votação e acontece isso. É um desrespeito com todos nós", afirmou Ranulfo Gomes (PMDB), prefeito de Cansanção (BA).
"É uma covardia, um desrespeito ao relator, à comissão e ao povo. A covardia prevaleceu. O medo de sair daqui derrotado o levou a fazer isso", disse a deputada Moema Gramacho (PT-BA).
Líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), disse que não foi convocado para o encontro de lideranças na residência oficial da presidência da Câmara e classificou a manobra como "ditatorial e agressiva" e criticou também Rodrigo Maia. "O presidente da comissão é o principal agente do assassinato da comissão", afirmou o deputado com um cartaz em que se lia: "Aqui jaz a comissão da reforma política". "É golpe isso que aconteceu".