Brasília, 26 - Após pedir na semana passada a demissão do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a cobrar mudança de rumos na política econômica, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) defendeu na tarde desta terça-feira, 26, que o momento atual é para que o governo Dilma Rousseff adote uma postura mais desenvolvimentista a partir do titular do Planejamento, Nelson Barbosa.
"Eu acho até que o Nelson Barbosa tem que se apresentar mais. Tem uma história no Brasil que, desde o governo Fernando Henrique Cardoso, o Ministério do Planejamento faz um certo contraponto ao Ministério da Fazenda. No governo Fernando Henrique Cardoso, era o (José) Serra de um lado (e o Pedro Malan do outro). O Nelson Barbosa tem que se apresentar mais. É natural que dentro do governo se expressem posições diferentes", afirmou, em entrevista em seu gabinete a jornalistas.
Lindbergh Farias afirmou que não se pode ter uma posição hegemônica dentro do governo. O petista disse acreditar que Barbosa estava "muito tímido", mas gostou de algumas ações recentes dele. Lembrou que, na época do governo Lula, Guido Mantega, então titular do Planejamento, fazia o contraponto a Antonio Palocci, titular da Fazenda. Segundo ele, o debate é "muito saudável".
O senador do PT disse que o grupo que tem defendido mudanças na forma de atuação do governo já "ganhou" ao desinterditar o debate sobre o rumo da política econômica. Segundo ele, daqui para frente esse grupo vai colocar "com mais clareza" as discordâncias quanto ao rumo dessa política do governo. "Eu acho que a gente fortalece aqueles setores da linha desenvolvimentista", afirmou.
Questionado pelo
Broadcast Político
, Lindbergh esquivou-se de dizer se preferiria que Barbosa assumisse a Fazenda no lugar de Levy. O petista defendeu a tese de que se faça um ajuste fiscal ao mesmo tempo em que almeje a retomada do crescimento da economia. Para ele, essa é uma fórmula para aumentar a arrecadação do País. Ele disse torcer "muito" para que a visão mais desenvolvimentista ganhe esse debate e coloque a "lógica do crescimento como centro para equilibrar a parte fiscal".