Brasília, 28 - Logo após a aprovação da terceira medida provisória do pacote fiscal na semana no Senado, a MP 668, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quinta-feira, 28, que o Poder Legislativo fez sua parte no ajuste. Segundo ele, o Poder amenizou os prejuízos dos trabalhadores, referindo-se indiretamente às mudanças feitas às MPs enviadas pelo Executivo. Mas o peemedebista - em rota de colisão com a presidente Dilma Rousseff - voltou a cobrar uma nova agenda do governo.
"O Congresso fez sua parte, amenizou prejuízos causados aos trabalhadores. Mas nós esperamos que o governo nos próximos dias tenha condições de apresentar propostas para retomar o desenvolvimento, para retomar investimentos, para retomar exportações. Nós precisamos construir para o Brasil uma nova agenda, uma agenda de interesse fundamentalmente do país", afirmou.
Questionado se o PMDB não teria o abandonado, uma vez que o partido votou em peso em favor do pacote, o presidente do Senado respondeu não ser o partido. Renan disse que o partido "age coletivamente" e, quando teve a oportunidade manifestou seu voto contra. Ele referiu-se à votação na terça-feira sobre se a MP 665 estava de acordo com a Constituição. Na ocasião, ele deixou a presidência da Casa momentaneamente em favor do petista Jorge Viana (PT-AC) e foi contra esse ponto.
"Mas eu não posso evidentemente balizar o comportamento do PMDB, da bancada do PMDB. O que eu gostaria era que o PMDB, nesse momento de dificuldade nacional, qualificasse a coalizão de governo, deixasse claro qual seria a expressão do seu papel dentro dessa coalizão. Eu acho que, se o PMDB fizer isso, o PMDB se sairá melhor. Se o PMDB não fizer isso, o PMDB vai acabar herdando do governo aquilo que o governo tem de pior", disse.
Esta semana, com o apoio maciço do PMDB, maior bancada do Senado, a Casa aprovou as MPs 665, que restringiu acesso ao seguro-desemprego e o abono salarial, 664, referente à pensão por morte e ao auxílio-doença e que teve a inclusão de uma proposta que acaba com o fator previdenciário ao instituir a fórmula para a aposentadoria 85/95, e por último a 668, que elevou impostos para produtos importados.
O peemedebista disse não saber se o comportamento da bancada estaria ligado à distribuição de cargos pelo Executivo. Para ele, se o PMDB não buscar dar fundamento à coalizão, vai repetir aí essa corrida pela nomeação de cargos. "E isso não qualifica a política, nem qualifica o partido", afirmou.