Na época, um inquérito foi aberto pela PF. Os três passageiros que estavam no avião particular eram o empresário ligado ao PT Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, o ex-assessor do Ministério das Cidades Marcier Trombiere, ambos da campanha de Fernando Pimentel (PT), governador eleito no primeiro turno em Minas Gerais, e um homem identificado como Pedro Medeiros.
Um dia antes, o Estado de Minas havia mostrado o turboélice de prefixo PR-PEG pousando nas cidades de Patos de Minas, Curvelo e Juiz de Fora. A aeronave também esteve em Vitória, no Espírito Santo, em Goiânia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A Polícia Federal iniciou a investigação à época para saber se o avião estava sendo utilizado pela campanha de Pimentel para realizar pagamentos em espécie não declarados à Justiça Eleitoral. O empresário Bené foi visto várias vezes em Montes Claros.
O turboélice está registrado em nome da empresa Bridge Participações S.A., fundada em 2011, com sede em Brasília, com apenas R$ 2 mil de capital social. De acordo com certidão simplificada da junta comercial do Distrito Federal, o diretor presidente é Ricardo Santos Guedes e o adjunto Alexandre Santos Guedes. Os dois aparecem como sócio na empresa AR Construtora e Mineradora LTDA, que funciona em um imóvel de um prédio residencial do Sudoeste, em Brasília. O Correio esteve no local no ano passado, mas a sala estava trancada, levantando a suspeita de que era uma empresa de fachada.
Crime oculto
Segundo a PF, as equipes de policiais envolvidos nas ações de hoje realizam buscas em cerca de 30 endereços de pessoas físicas e 60 pessoas jurídicas. Eles buscam documentos, valores e mídias para esclarecer as suspeitas de que os valores que circulavam nas contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas aos investigados vinham da inexecução e de sobrepreço praticados pelo grupo em contratos com órgãos públicos federais.
Os suspeitos empregavam a técnica de smurffing para ocultar a origem criminosa do dinheiro. A ação consiste no fracionamento de valores para evitar a identificação de movimentações financeiras, além da chamada confusão patrimonial e do extensivo uso de pessoas interpostas, os “laranjas”.
Em quase oito meses de investigação, a Polícia Federal monitorou os suspeitos e analisou todo o conteúdo existente nos notebooks, smartphones, tablets, além de outros dispositivos e mídias apreendidos durante a ação no ano passado, cujos acessos foram autorizados pela Justiça. No total, mais de 600 GB de informação relevante foram analisados, cruzados com outras fontes e bases de dados, além de passarem por um atento trabalho de mineração de dados..