Alguns dos deputados estaduais que representavam os eleitores mineiros até o ano passado mas não conseguiram os votos suficientes para mais um mandato continuam empregados em cargos públicos. Sem sucesso nas urnas, foram contemplados com indicações de padrinhos políticos e estão à frente de secretarias e fundações do estado e da Prefeitura de Belo Horizonte. Pelo menos três deles não mudaram nem de endereço: foram contratados para gabinetes de lideranças na própria Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Uma das primeiras recrutadas por aliados foi a ex-deputada Luzia Ferreira (PPS), que concorreu a federal. Logo depois das eleições, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) a convidou para integrar seu secretariado. Ela foi secretária de Governo em fevereiro, mas, por pressão de vereadores, acabou mudando de função e hoje está à frente das Políticas Sociais com um salário de R$ 16,5 mil. “Já trabalhei na prefeitura muitos anos, é um espaço que conheço muito de perto. Mesmo como deputada minha atuação sempre foi muito em BH”, afirma. Cotada para concorrer à sucessão de Lacerda, a secretária disse ainda não ter decidido o destino político.
Outro lotado na PBH é o ex-deputado Zé Maia (PSDB). Em 17 de março ele assumiu a Controladoria-geral do município, cargo com o mesmo status do de Luzia. Zé Maia ficou a poucos votos do último eleito na coligação que reuniu aliados do governo passado. No governo de Minas também tem ex-deputado lotado. É o caso de Maria Tereza Lara (PT). A ex-parlamentar, que não ficou nem entre os 10 primeiros suplentes, assumiu a presidência da Fundação Caio Martins (Fucam). Antes de ser indicada, ela desejava trabalhar na área de menores infratores, mas ficou satisfeita com o trabalho.
“Inclusive fui professora da fundação em Esmeraldas por dois anos na década de 1980. Quando fui convidada pelo governador Fernando Pimentel (PT) fiquei muito feliz porque é algo que faz parte da minha história”, disse Maria do Carmo. O salário é de R$ 8 mil. “É muito menor (os deputados ganham hoje R$ 25,3 mil), mas o que importa é a contribuição que posso dar”, afirma. A petista disse que, em sua função, procura cumprir o slogan de campanha do governo: ouvir para governar.
Mesmo discurso e salário tem a ex-deputada Liza Prado (PROS), agora presidente da Utramig, fundação de educação para o trabalho. “O governador me convidou e aqui posso fazer um trabalho interessante na área do ensino profissionalizante, é um desafio enorme expandir para ver a vocação de cada município”, afirmou. Liza destaca a oportunidade de mudar a vida das pessoas e, ao mesmo tempo, continuar na política.
O ex-deputado Pompílio Canavez (PT), que também ficou como suplente na coligação da base do atual governo, chefia a Águas Minerais de Minas, subsidiária da Copasa que cuida da produção e distribuição de águas minerais de Cambuquira, Araxá, Lambari e Caxambu. O petista justifica a indicação para o cargo com sua experiência na administração pública. “Fui prefeito duas vezes de Alfenas, sou aposentado do Banco do Brasil e estou aqui à disposição para ajudar, posso ser útil, porque governo exige muita gente para dar conta”, disse. O petista disse ser cedo para saber se vai concorrer novamente, mas afirmou que pretende continuar contribuindo com a política.
GABINETES Com salário de R$ 5.680,57, o ex-deputado Almir Paraca (PT) foi nomeado em 30 de abril supervisor de gabinete I na própria Assembleia, com exercício no bloco governista. O petista não concorreu à reeleição. Aos 54 anos, ele conta ainda com uma aposentadoria de R$ 6,5 mil pelos nove anos de contribuição ao Instituto de Previdência do Legislativo (Iplemg).
O primeiro a voltar para a Assembleia foi o ex-deputado Duílio de Castro (PMN), que também desistiu de concorrer. Ele foi contratado em 14 de março como assistente parlamentar do bloco dos chamados independentes com salário de R$ 5.410,07. No mesmo bloco, Rômulo Veneroso (PV) está lotado desde 19 de março como secretário de gabinete II, com vencimento de R$ 4.238,95.
.