Integrada pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, a tendência vai pedir a "reorientação imediata" dos rumos da economia, redução da taxa básica de juros e manutenção dos programas sociais que sofreram corte no Orçamento.
A posição mais dura da corrente - que também conta com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - tem como parâmetro um documento aprovado na etapa gaúcha do 5.º Congresso do PT, realizada no sábado em Porto Alegre.
"Se um equilíbrio orçamentário exige correções pontuais, elas devem ser direcionadas às camadas mais favorecidas da sociedade e não podem servir de pretexto para mudar o rumo da política econômica e vergá-la aos interesses financistas", diz o documento da Mensagem. "O 5.º Congresso conclama os militantes, parlamentares e dirigentes do PT a unirem-se às demais forças dos movimentos sociais, da esquerda (…) para barrar o golpismo em todas as suas dimensões, inclusive no plano econômico."
O presidente do PT, Rui Falcão, é contra a radicalização do documento final do congresso, que vai nortear os próximos passos do partido. Com o aval do Palácio do Planalto e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que integra a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), Falcão tenta mapear as divergências e construir um acordo com as outras correntes, para que a resolução reflita o "pós-ajuste", momento em que o governo procura reagir à crise, imprimindo uma agenda positiva.
"Não quero uma resolução que fique fazendo juízo de valor contra o governo", disse Falcão, ontem à tarde, após reunião da Executiva Nacional petista, em Brasília.
Apesar de contrário a uma crítica frontal na direção da equipe econômica, o presidente do PT defendeu posições que contrastam com as de Levy. Nessa lista estão a volta da CPMF, o imposto do cheque, e a sanção sem veto da proposta aprovada pelo Senado que flexibiliza o fator previdenciário, mecanismo criado no governo Fernando Henrique para reduzir o valor da aposentadoria em até 30%.
"O mais simples seria isso, mas não me parece ser intenção do governo sancionar (o texto) como está", afirmou Falcão. "O partido é uma coisa e o governo, outra. Muitas vezes o governo toma iniciativas que, pela conjuntura, é melhor para nós não opinar, para não jogar água no moinho dos adversários.".