São Paulo - Dirigida há mais de 20 anos pelo PC do B, partido mais fiel aos governos petistas, a União Nacional dos Estudantes (UNE) abre seu 54.º Congresso Nacional nesta quarta-feira, 3, em Goiânia, marcando posição de contraponto aos movimentos que, em março e abril deste ano, ganharam as ruas - espaço tradicionalmente ocupado pelos estudantes - para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Na década de 1990, a UNE liderou os principais atos de rua contra presidentes, como as marchas pelo impeachment de Fernando Collor, em 1992, e o "Fora FHC", em 1999. Nos governos petistas, entretanto, a UNE passou a compor, ao lado de movimentos como o dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), a base de sustentação com as organizações sociais.
Em março e abril, quando o governo federal enfrentou o momento de maior tensão com a presença maciça de pessoas nas ruas para pedir o impeachment da presidente, UNE, MST, MTST e centrais ligadas aos direitos dos trabalhadores organizaram marchas "em defesa da democracia". Na prática, foram manifestações de apoio ao governo.
"Quando vamos pedir mudanças na economia estamos apontado rumos democráticos", diz a presidente da UNE, Virgínia Barros. Segundo ela, a UNE toma cuidado em não focar suas críticas em Dilma para não ser confundida com grupos de "viés antidemocrático".
Bandeiras
Ela afirma que no congresso a UNE vai firmar posição contra a maioridade penal e o financiamento empresarial de campanha e apoiar a reforma política e a luta pela educação. "Os cortes de R$ 9 bilhões na educação vão de encontro a conquistas importantes dos últimos anos, como a aprovação do Plano Nacional de Educação e a destinação de recursos do pré-sal para o setor", diz Virgínia.
No congresso são esperados 10 mil estudantes. Na eleição marcada para domingo, a expectativa é de que, mais uma vez, o PC do B renove a liderança da UNE, com a candidatura da estudante da PUC-SP Carina Vitral, representante da ala majoritária do Movimento Abre Alas.
Ao falar das recentes decisões do governo na educação, Carina mescla críticas ao corte no setor com elogios a medidas como a aprovação do Plano Nacional de Educação. "Ainda que exista restrição, que seja com critérios claros e definidos", diz ela sobre as mudanças no acesso ao Financiamento Estudantil (Fies). As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.