A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais recebe nesta segunda-feira (8) a visita da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a violência contra jovens negros e pobres em todo o país. A criação da CPI foi motivada pelo alto índice de assassinatos de jovens no Brasil. De acordo com o Mapa da Violência de 2014, dos 56.337 homicídios cometidos no país em 2012, 30.072 vítimas eram jovens entre 15 e 29 anos. Desse total, 23.160 (77%) eram negros e pardos. Em Minas Gerais, os números não são diferentes. No estado, o assassinatos de jovens negros (2.855) é mais que o dobro do número de homicídios de jovens brancos (1.215). Em Belo Horizonte, em 2010 foram 653 homicídios de negros contra 189 de brancos. Ou seja, para cada pessoa branca que morre assassinada na capital mineira, 3,5 negros são vítimas de homicídio. A taxa de assassinatos por 100 mil habitantes é de 52,5 para negros e 17,2 para brancos. Elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, o Mapa da Violência é publicado anualmente desde 1998.
Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), batizado de Características da população e dos domicílios: resultados do universo, com dados do Censo 2010, apontam o estado como o terceiro com maior índice de óbitos entre a população de 20 a 24 anos, atrás apenas de São Paulo e Bahia. Mesmo estudo também coloca a capital como o município do estado com maior número de registros (425) e, dentro do município, o Bairro Alto Vera Cruz, na Região Leste, no topo do ranking dos bairros mais violentos. Por isso, antes da realização de uma audiência na Assembleia, integrantes da CPI e da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia visitarão o Bairro Vera Cruz, para coletar depoimentos e relatos sobre violência contra jovens e negros na comunidade.
De acordo com o deputado federal Reginaldo Lopes, presidente da CPI, a comissão está examinando a estrutura criminal no país, o modelo de policiamento, como é a vida dos jovens que vivem sob risco nas comunidades pobres e o que pode ser feito por eles. Segundo ele, nos últimos 12 anos, o Brasil registrou redução de 30% no número de pessoas brancas mortas e um aumento de 38,5% nos homicídios de negros, principalmente jovens e pobres. No fim dos trabalhos, a CPI deve apresentar um plano para a redução dos homicídios dessa população. Minas Gerais é o quinto estado a receber a CPI da Violência contra Jovens Negros e Pobres, que já passou por Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas e Espírito Santo.