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Estado de Minas

Congresso nacional do PT vai revelar conflito entre Dilma e petistas

Congresso da legenda marcado para esta semana expõe desavenças entre petistas e Dilma. As divergências são tantas que teve político defendendo até o cancelamento do encontro


postado em 08/06/2015 06:00 / atualizado em 08/06/2015 07:42

A política econômica conduzida pelo ministro Joaquim Levy disparou críticas do partido a Dilma e pressões para troca no comando da Fazenda (foto: Evaristo Sá/AFP - 18/5/15)
A política econômica conduzida pelo ministro Joaquim Levy disparou críticas do partido a Dilma e pressões para troca no comando da Fazenda (foto: Evaristo Sá/AFP - 18/5/15)

Brasília – O PT realiza o 5º Congresso Nacional entre os dias 11 e 13, em um momento de profunda tensão nas relações com o governo da presidente Dilma Rousseff. Críticas de petistas à política econômica, ameaças de vaias e ataques ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, uma relação fria entre Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a enxurrada de denúncias de corrupção que afundam a legenda, agora com o escândalo da Petrobras, são ingredientes de um encontro que muitos consideram desnecessário neste momento.

Até nisso governo e partido mostram descompasso. Para alguns auxiliares diretos da presidente, o PT erra ao marcar um Congresso para este momento. Para eles, os temas que afligem a legenda e o Planalto poderiam ser discutidos em uma executiva do partido. “Mas foram os integrantes da executiva que insistiram na realização do Congresso”, lamentou um petista próximo à presidente.

Ex-chefe da Casa Civil e uma das principais defensoras da presidente Dilma no Congresso, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) acha que os parlamentares petistas já deram a sua cota de sacrifício ao aprovar as medidas de ajuste fiscal encaminhadas pelo ministro Joaquim Levy. “É natural que tenhamos divergências. Governo é uma coisa, e partido é outra coisa. O partido sempre tem a obrigação de estar à frente dos governos, por ser mais dinâmico.”

Gleisi, contudo, disse que, apesar das discordâncias, a legenda não pode deixar que a essência do ajuste fiscal seja alterada, pois, segundo ela, a arrumação da casa será essencial para o governo Dilma retomar a agenda do crescimento e das conquistas sociais. Uma das principais tendências do partido, a Mensagem, da qual fazem partes nomes como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, pensa diferente. O grupo defende uma mudança profunda na política econômica, o que, em tese, esvazia a autoridade do atual comandante da Fazenda.

Outro integrante da Mensagem, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirma que dois pontos são essenciais neste momento. O primeiro seria a clareza de que é preciso aumentar o volume destinado aos investimentos. O segundo, conter a taxa de juros. Na quarta-feira, exatamente uma semana antes do congresso petista, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros (Selic) para 13,75% ao ano, o maior índice desde janeiro de 2009.

Mesmo não sendo unanimidade sequer no governo, a tendência é que o ministro Joaquim Levy sofra pressão apenas das tendências mais à esquerda do partido. “Eles podem até pedir a cabeça do ministro, mas de que adianta? Quem demite e nomeia ministros é a presidente, não o PT”, ressaltou Gleisi.

Ainda não está certo em que dia Dilma participará do Congresso. Nesta semana, ela viaja à Bélgica, mas deve retornar ao Brasil no dia 11 ou 12. Integrantes do governo e do partido esperam que, ao menos, a presidente tenha capacidade de falar de futuro. “Dilma terá de mostrar que, sim, vivemos um momento muito difícil, mas que teremos capacidade de superar. É olhar para frente”, cobrou uma liderança petista no Legislativo.

Para Paulo Teixeira, o congresso também será um momento para depurar o próprio PT. Diferentemente do que muitos pensam, Teixeira acha que não é apenas o governo que está inerte. O partido também. “O PT precisa retomar a sua capacidade de formulação, rever a nossa política de alianças. Não podemos ter uma atitude burocrática diante da crise que estamos vivendo”, afirmou o petista paulista.

O secretário de organização do PT, Florisvaldo de Souza, defende a realização do Congresso. “Se não tiver embates e aprofundamento dos temas necessários ao partido e ao país, não é um congresso do PT”, lembrou.

ARESTAS

O que está em jogo na reunião


O grupo
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Economia
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Relacionamento
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