Apesar de adotar um tom de desaprovação às medidas tomadas pela equipe econômica, Lula não quer que o PT saia do encontro de Salvador com o carimbo de partido de oposição à presidente Dilma Rousseff por avaliar que essa estratégia corresponde a um suicídio político.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo ontem, Dilma considerou injustas as críticas a Levy e disse que ele não pode ser transformado em "judas" para ser malhado pelo PT. A ideia do grupo de Lula é "virar o disco" e mostrar que, agora, os petistas estão dispostos a ajudar Dilma a retomar o crescimento, reduzir a desigualdade e tirar do papel o slogan do governo - "Pátria Educadora".
Na lista das "compensações" ao ajuste que a chapa da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), de Lula, tentará emplacar na resolução do 5.º Congresso estão propostas de crédito para fortalecer a indústria e manter empregos, de estímulo às exportações e de regulamentação do imposto sobre grandes fortunas.
A intenção é deixar claro que o pacote fiscal também atinge o "andar de cima" e não se concentra em restringir direitos dos trabalhadores, como seguro-desemprego e abono salarial.
O receituário do corte de gastos e a proibição imposta pelo PT a seus diretórios - impedidos de receber doações empresarias de campanha - são os capítulos que prometem causar mais polêmica no 5.º Congresso.
A tendência Mensagem ao Partido - integrada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro - mede forças com a CNB para influenciar as discussões.
Antes de viajar para a Itália, na semana passada, Lula pediu a dirigentes e parlamentares do PT que desbastassem os ataques ao governo e não dessem "um tiro no pé". No sábado, porém, ao abrir a 39.ª Conferência da FAO, a agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, em Roma, ele disse que "se cada presidente ficar esperando que o ministro da Fazenda diga que está sobrando dinheiro, nunca vai fazer programa de transferência de renda"..