Os documentos foram anexados ao inquérito que apura a participação da empresa e de seus executivos no esquema de corrupção. Segundo o laudo, entre 2011 e 2013, a Camargo pagou três parcelas de R$ 1 milhão cada uma ao Instituto Lula. O balanço não explica os motivos do pagamento. Em 2012, o repasse estava sob a rubrica “bônus eleitorais”. No mesmo período, a construtora informou à Receita Federal que pagou R$ 1,5 milhão à Lils. A empresa foi criada por Lula após a sua saída do Planalto e era responsável pelo contratos de palestras e eventos feitos por ele no Brasil e no exterior.
A PF analisou as movimentações de “cunho político” da Camargo de 2008 a 2013.
O Instituto Lula informou que a Camargo apoia publicamente a organização e que os valores foram doados à entidade “para a manutenção e desenvolvimentos de atividades institucionais, conforme objeto social do seu estatuto, que estabelece (...) o estudo e compartilhamento de políticas dedicadas à erradicação da pobreza e da fome no mundo”.
Quanto aos repasses à Lils, a assessoria de Lula disse, em nota, que são referentes à remuneração por quatro palestras feitas por Lula. Sobre a rubrica (“doações, contribuições e bônus eleitorais”) em que tais pagamentos se inserem na contabilidade da Camargo, a nota diz que “deve ser algum equívoco’. “O Instituto Lula não prestou nenhum serviço eleitoral, tampouco emite bônus eleitorais, o que é prerrogativa de partidos”. A assessoria nega que os pagamentos se liguem a contratos da Petrobras e ressalta que “essas doações e pagamentos foram devidamente contabilizados, declarados, e recolhidos os impostos”.
Também por meio de nota, a Camargo disse que as contribuições ao Instituto Lula se referem a apoio institucional e ao patrocínio de palestras de Lula no exterior. A defesa de Dirceu informou que já esclareceu os serviços prestados pela JD a investigadas na Operação Lava-Jato.
Nessa terça-feira (9), o Ministério Público Federal (MPF), que já havia pedido condenações de executivos da Camargo Corrêa, apresentou suas alegações finais contra outros cinco, ligados à OAS. Eles foram denunciados por organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e falsidade ideológica..