Brasília, 11 - O ministro da Defesa, Jaques Wagner, reiterou a posição do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, de que é importante ter um ministro à frente da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) "para fazer a operação do dia a dia".
Segundo Jaques Wagner, a nomeação de um ministro para a SRI, "que pode ser do PMDB ou do PT", é "importante" porque "este trabalho de verificação e atendimento de emendas e de parlamentares não é o vice-presidente que tem de fazer", já que ele se incumbe de "negociações de grandes temas".
Mas Wagner negou que esse ministro da SRI, "operacional", tire o poder de Temer, que foi nomeado em abril, pela presidente Dilma Rousseff, como articulador político do governo, quando a crise com o Congresso estava no auge. "É uma visão ultrapassada de ficar medindo política por regra de milímetro", declarou.
Na opinião do ministro da Defesa, Temer "já tem o poder que lhe foi dado ao estar na chapa junto com a presidenta Dilma, de vice-presidente da República". Tentando diminuir a nova polêmica com o PMDB, após as afirmações do ministro da Casa Civil, de que é necessário haver um ministro para a SRI, Wagner emendou: "Não adianta ficar fazendo medição por palmo de poder a mais ou poder a menos. O PT saindo vitorioso, e sairá, deste governo, o PMDB está junto e sairá igualmente vitorioso". Para ele, o momento é de marchar para um "caminho de consenso, de ganha ganha".
Repetindo gesto de outros ministros petistas do governo, como o da Comunicação Social, Edinho Silva, que saiu em defesa de Mercadante, para tentar brecar um novo estresse com o PMDB, Wagner explicou a intenção do titular da Casa Civil. "O ministro Mercadante se referiu foi à essa operacionalidade cotidiana que precisa ter e que, é claro, não será o vice-presidente da República a fazer, que se incumbe de negociações dos grandes temas", afirmou ele, lembrando que já foi ministro da SRI. E insistiu: "É preciso ter um (ministro) operacional para cuidar da operacionalidade cotidiana".
As declarações de Jaques Wagner foram dadas após a cerimônia de comemoração dos 150 anos da Batalha Naval do Riachuelo, na qual esteve ao lado dos peemedebistas Michel Temer, que presidiu a solenidade, e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que foi condecorado com a Ordem do Mérito Naval.
Questionado se aproveitou o encontro com os dois para tentar desfazer esse novo curto-circuito com o PMDB, Jaques Wagner respondeu que "o tempo era muito curto para tratar de um assunto tão importante quanto a relação do PT e do PMDB". O ministro assegurou, no entanto, que a relação entre os dois partidos "caminha para a mais absoluta normalidade". E acrescentou: "Acho que é importante compartilhar ônus e bônus do governo que tem PT e PMDB, e tem também outros partidos, evidentemente. Estou muito confortável de ver o PMDB na Vice-Presidência e na articulação política. Isso só ajuda a construir a estabilidade e uma boa relação".
Jaques Wagner reforçou que o vice-presidente se ocupa das grandes negociações e, neste momento, "carece de um (ministro) operacional". Ressaltou ainda que "é secundário" saber de que partido será o ministro.