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Estado de Minas

Petistas aplaudem de pé ex-tesoureiro do partido preso na Lava-jato

Congresso do PT, aberto nessa quinta-feira (11) em Salvador, teve desagravo ao ex-tesoureiro João Vaccari, investigado pela Lava-Jato. Dilma antecipa retorno da Bélgica e faz defesa do ajuste fiscal


postado em 12/06/2015 06:00 / atualizado em 12/06/2015 07:33

Dilma e Lula chegaram juntos ao encontro, em que o ex-presidente pediu um voto de confiança do partido no governo (foto: Lúcio Távora/Agência A Tarde/Estadão Conteúdo)
Dilma e Lula chegaram juntos ao encontro, em que o ex-presidente pediu um voto de confiança do partido no governo (foto: Lúcio Távora/Agência A Tarde/Estadão Conteúdo)

Salvador – O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi aplaudido de pé por três minutos, nessa quinta-feira, no 5º Congresso do PT. A manifestação de apoio ocorreu à tarde, na reunião fechada em que os delegados do encontro aprovaram a Carta de Salvador, documento produzido pelo grupo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Preso desde abril pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, Vaccari é acusado de desvio de dinheiro da Petrobras para abastecer o caixa do PT. Integrante de uma das correntes mais radicais do PT, O Trabalho, Markus Sokol subiu ao palco e saudou os demais “na pessoa do companheiro ausente, injustamente preso”. Em seu discurso na abertura do congresso, à noite, também o presidente do PT, Rui Falcão, mencionou o nome do ex-tesoureiro. “Nosso companheiro está preso sem provas”, disse.

A presidente Dilma Rousseff chegou ao congresso acompanhada do ex-presidente Lula. Ele discursou primeiro, reconheceu que a inflação e o desemprego afetam o país, mas pediu o voto de confiança no governo e cobrou ação do partido. “Não se acomodem no governo, pelo amor de Deus. Não deixem o país parar de crescer e parar de incluir”. Durante o discurso, o ex-presidente foi interrompido por um coro de “Lula de novo com a força”. Mais cedo, o grupo liderado por Lula divulgou um documento intitulado “Carta de Salvador”, que sugere uma “nova política de alianças”, ancorada por uma frente de partidos e movimentos sociais, e faz críticas veladas ao PMDB, partido da base aliada.

Dilma, por sua vez, centrou sua fala na defesa do ajuste fiscal do governo. Em seu discurso, de 53 minutos de duração, a presidente afirmou que o governo teve a “coragem” de fazer o ajuste, que qualificou como uma das “ações táticas”, e disse que o PT “deve saber fazer a leitura correta da conjuntura que estamos vivendo”. “O PT é um partido preparado para entender que muitas vezes as circunstâncias impõem um movimento tático”, declarou.

Para chegar a tempo da abertura do congresso, Dilma antecipou a volta para o Brasil e desembarcou diretamente em Salvador, procedente da Bélgica, onde participou na quarta-feira (10) e na quinta-feira  (11) da cúpula entre líderes de países latino-americanos e europeus. “Apressei o meu retorno da minha viagem oficial à Europa (…) porque eu queria muito estar aqui com vocês”, afirmou a presidente.

Ela iniciou o discurso ressaltando a “coragem” do governo de fazer o ajuste fiscal. “Nós somos um governo que temos a coragem de realizar ajustes. E faz esse ajuste para dar perenidade e sustentabilidade ao crescimento”, declarou. “Trata-se de preservar conquistas, de consolidar avanços e de estabelecer um novo mandato de mudanças”, afirmou.

A presidente voltou a culpar a economia internacional pela situação do Brasil. “Nós temos de fazer o ajuste tanto por razões internas quanto por razões externa”. Segundo ela, por razões externas, “é fato” que a economia internacional não se recuperou. Entre as razões internas, ela mencionou os efeitos da seca e da crise hídrica.

Dilma pediu o apoio do partido ao governo. “Esta é a hora de ver quem é quem”, declarou. Segundo ela, “nos momentos de calmaria”, há os que querem ser “parceiros na vitória”. “Eu preciso contar com o meu partido, um partido vivo, que sempre se forjou no debate”, afirmou.

As medidas do ajuste fiscal, destinadas a conter a inflação e sanear as contas públicas, são alvo de críticas de setores do PT, que se queixam da orientação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e da retirada de direitos sociais. Ao discursar na abertura do congresso, o presidente do partido, Rui Falcão, chegou a afirmar que não é possível “retomar o crescimento provocando recessão nem que se possa combater a inflação com juros escorchantes e desemprego de trabalhadores”. Segundo ele, o ajuste não pode ser “firme com fracos e frouxo com os ricos”.

Cerco a ‘infiltrado’


O líder do movimento Revoltados On-line, que pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff, Marcelo Reis, foi cercado por dezenas de militantes ao aparecer no lobby do hotel em que acontece o 5º Congresso do PT em Salvador. Os petistas consideraram uma provocação Reis se hospedar no hotel e circular com uma camiseta estampada com a palavra “impeachment”. Outros militantes fizeram um escudo humano em torno de Reis, que deixou o lobby sem se machucar. Usando a mesma camisa, ele já havia discutido pela manhã com parlamentares petistas. Reis afirmou que vai prestar queixa das agressões na polícia, mas que continuará frequentando as áreas comuns do hotel. “Paguei a diária e tenho os mesmos direitos dos outros hóspedes”, disse. Do lado de fora, houve troca de empurrões e xingamentos entre petistas e manifestantes antigoverno.


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