São Paulo, 13 - Foragido desde a manhã de quarta-feira, quando foi deflagrada a segunda fase da Operação Publicano, o empresário Luiz Abi Antoun se entregou às autoridades na sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Londrina, no norte paranaense, na noite de anteontem.
Parente do governador Beto Richa (PSDB), ele é acusado de comandar um esquema de sonegação de tributos estaduais e lavagem de dinheiro.
Segundo o coordenador do Gaeco - força-tarefa da polícia e do Ministério Público - em Londrina, Jorge Costa, Abi afirmou que não se apresentou antes porque estava em São Paulo e não havia conseguido retornar ao Paraná.
Na quarta-feira, o advogado de Abi, Luiz Carlos Mendes, afirmou que desconhecia o mandado de prisão, assim como o paradeiro de seu cliente.
Abi dormiu em uma cela da Penitenciária Estadual de Londrina I, onde estão outros 22 presos que moram na região do norte paranaense. Os suspeitos, incluindo Abi, serão ouvidos a partir de segunda-feira.
Abi já foi preso em março, na Operação Voldemort, que investiga a denúncia sobre a participação dele em fraudes em licitação do Departamento de Transporte e teria beneficiado empresas de consertos de veículos. O governador tucano já fez a ressalva de que o empresário é um "parente distante".
'Eminência parda'
. O auditor, contudo, é considerado pelo Ministério Público uma "eminência parda" do governo de Beto Richa e teria carta branca para influenciar na escolha de nomes para o comando da Receita Estadual, conforme depoimentos do auditor Luiz Antônio Souza, em um acordo de delação premiada feito com o Gaeco, à qual a Rede Paranaense de Comunicação, afiliada da Rede Globo no Estado, teve acesso.
Sobre a proximidade de Abi com Richa, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, defendeu Richa. "Ninguém está livre de ter amigos corruptos, todos podemos ter amigos que se corrompem pela vida; além disso, todos esses atos foram efetuados sem a anuência do governador", afirmou.
Entre os presos, o amigo de Richa, Marcio de Albuquerque Lima, também é apontado como umas das figuras centrais dos desvios.
Desvios.
Segundo Souza, parte dos desvios, R$ 2 milhões de um total de R$ 4,3 milhões, teria sido repassada para a campanha de reeleição do tucano ao governo do Estado. O PSDB do Paraná nega a ocorrência de caixa 2 na campanha de 2014 .
A nova fase da operação atinge a alta cúpula da Receita Estadual. Segundo as investigações, os auditores (15 foram presos) formaram um grupo específico para apurar as denúncias e recolher propinas das empresas.
Mauro Ricardo disse que o Estado vai exigir um ressarcimento de todos os envolvidos nos desvios de recursos.