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Estado de Minas

PT abaixa o tom e anuncia medidas conservadoras

Congresso do partido termina sem críticas ao ajuste fiscal e com a aliança com o PMDB fortalecida, temas duramente criticados por integrantes da legenda nos dias anteriores


postado em 14/06/2015 06:00 / atualizado em 14/06/2015 07:48

Principais nomes da legenda participaram congresso, que acabou sem consolidar discursos de setores insatisfeitos com o governo(foto: Cleber Sandes/Coofiav/Ag. O Globo. Salvador )
Principais nomes da legenda participaram congresso, que acabou sem consolidar discursos de setores insatisfeitos com o governo (foto: Cleber Sandes/Coofiav/Ag. O Globo. Salvador )
Atravessando a maior crise em seus 35 anos de história, o PT terminou ontem o 5º Congresso Nacional da legenda com vaias e decisões conservadoras tanto na linha política quanto na organização interna. A Carta de Salvador, como é chamado o documento final produzido pelo congresso, não traz críticas à política de ajuste fiscal que está sendo feito pela equipe econômica da presidente Dilma. Uma emenda propondo o rompimento com o PMDB também foi rejeitada. Na organização interna, a vitória foi do atual presidente da legenda, Rui Falcão, com a rejeição de emendas que pretendiam abolir o processo de eleição direta e convocar um Congresso Constituinte. A decisão garante a Rui a permanência no cargo até 2017. Alvo de vaias, Falcão aproveitou a fala final para defender o tesoureiro preso do PT, João Vaccari Neto.

Algumas das emendas apresentadas não chegaram a ser votadas no congresso, por falta de tempo. É o caso da decisão sobre doações de empresas, que será rediscutida pelo Diretório Nacional do partido. Desde o começo do ano, a direção nacional do PT não aceita doações empresariais, que continuam liberadas para os diretórios estaduais e municipais. Na prática, avaliam dirigentes, o PT só decidirá se recebe ou não doações de empresas depois de encerradas as votações da reforma política na Câmara e no Senado – ou seja, sabendo se os demais partidos abrirão mão ou não dessa fonte de recursos.

A única derrota pessoal de Rui Falcão foi a exclusão do trecho em que se previa a volta da CPMF, defendida por ele. No plano político, a vitória foi do governo, que conseguiu rejeitar uma emenda que previa o fim da aliança com o PMDB, caracterizado como “sabotador”. Mesmo derrotada, a emenda deu ensejo para um grupo de militantes puxarem palavras de ordem contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Coube ao líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), falar contra o texto. Segundo ele, o objetivo, ao suprimir a emenda, não era defender o peemedebista, mas evitar que o governo sofresse ainda mais ao ficar isolado no Congresso.

A Carta de Salvador também não traz críticas à política de ajuste fiscal conduzida pela equipe econômica de Dilma. Uma das emendas, assinada por 33 dos 63 deputados federais do PT, chamava o ajuste de “política de caráter recessivo”, com potencial para provocar “desaceleração econômica e desemprego”. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também apresentou um texto com duras críticas ao ajuste fiscal, que acabou derrotado. Nem mesmo a expressão “Alterar a política econômica…” foi aceita no texto final da tese, fruto de um acordo fechado entre as principais correntes petistas – Construindo um Novo Brasil, do ex-presidente Lula, e Mensagem ao Partido, do ex-governador Tarso Genro (RS). A redação final diz apenas, de forma vaga, que o PT buscará conduzir a política econômica para a defesa do emprego, do crescimento econômico e dos direitos dos trabalhadores.

Ao fim do evento, Rui Falcão rebateu as críticas dizendo que o partido vai, sim, mudar. “A decisão de manter o processo de eleição direta não é a decisão de mantê-lo como está. Numa reunião do diretório, vamos avaliar como dar mais organicidade ao PT, como fomentar mais debates”, afirmou ele. O Diretório Nacional do partido tem prazo de três meses para propor mudanças no processo.

EX-TESOUREIRO Alvo de vaias no começo de seu discurso, Falcão aproveitou para falar mais uma vez em defesa do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, que está preso em Curitiba desde o dia 15 de abril. Ele é acusado de envolvimento com o esquema criminoso desmantelado pela operação Lava Jato. “Queria incorporar ao meu discurso uma solidariedade pública ao companheiro João Vaccari Neto, que foi preso injustamente, numa campanha nítida para tentar criminalizar o PT. Ele não fez nada além das orientações partidárias e das nossas diretrizes no que diz respeito à arrecadação financeira”, disse. “O Vaccari nunca se apropriou de um centavo em benefício próprio. Nunca cometeu nenhuma irregularidade, e está sendo incriminado porque o alvo é o nosso partido”, disse.


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