"Constata-se que o condomínio em que está localizada a residência de Dario Queiroz consiste em verdadeiro condomínio-clube, dotado de uma série de equipamentos de luxo e regalias cuja utilização é, em última análise, absolutamente incompatível com o regime de recolhimento domiciliar forçado", assinalam os procuradores.
Para a força-tarefa, o regime domiciliar deve ser "equivalente ao prisional", com a diferença de que o local de recolhimento do réu é a sua própria residência. "Nessa linha, é incompatível com o regime do recolhimento domiciliar a livre circulação em condomínio coletivo, a utilização irrestrita de equipamentos de lazer e a manutenção de relações sociais regulares com vizinhos, vez que tais benefícios descaracterizariam por completo a medida", afirmam os investigadores.
De acordo com o Ministério Público Federal, o executivo vive em um apartamento de alto padrão em Moema, região sul da capital paulista, com 465 m² de área útil, incluindo cinco suítes, e que possui uma ampla área de varanda "com grande incidência solar" que podem ser utilizados para o banho de sol e a prática de exercícios de Dario, réu na Justiça Federal, acusado de envolvimento com o esquema de cartel e pagamento de propinas a diretores da Petrobras.
"Por fim, deve-se ter que a livre circulação do requerente em condomínio de luxo, mantendo contato frequente com vizinhos e sendo visto nas áreas de lazer do edifício, configuraria verdadeira afronta à respeitabilidade e à credibilidade do Poder Judiciário, vez que restaria totalmente banalizada a seriedade do recolhimento domiciliar como instrumento alternativo à prisão em estabelecimento regular", conclui a força-tarefa.
'Integridade física'
A defesa do executivo, por sua vez, argumenta que a Lei de Execução Penal determina o "respeito à integridade física e moral dos condenados e presos provisórios" e que a área comum do edifício faz parte da residência de Dario.
Além disso, em resposta à manifestação do MPF, as advogadas de Dario, Sylvia Maria Urquiza e Débora Noboa Pimentel, alegam que o executivo está proibido apenas de se comunicar com os outros investigados, podendo conversar com outras pessoas, como seus vizinhos. "Ademais, a própria decisão liminar (que determina a prisão domiciliar de Dario) permite ao peticionário que, querendo, trabalhe fora de sua residência, retornando a ela no período noturno", assinalam as defensoras.
Defesa
Apontado como membro do núcleo empresarial do esquema que cartelizava licitações e pagava propinas a diretores da Petrobras para abastecer o caixa de partidos que possuíam indicados políticos na estatal - PP, PMDB e PT, Dario teve sua prisão preventiva decretada em 27 de março deste ano.
Ele foi apontado como "efetivo mandante" da Galvão Engenharia no esquema, mas conseguiu o direito a prisão domiciliar, junto com outros nove executivos presos na operação, após recorrer ao Supremo Tribunal Federal. Com isso, desde maio o diretor-presidente pena em sua residência, na área nobre da capital paulista, onde é obrigado a utilizar tornozeleira eletrônica e tem que cumprir várias determinações, como se apresentar a cada 15 dias à Justiça..