"Expeça-se solicitação de pesquisa das viagens ao exterior de José Dirceu", registra despacho do delegado Márcio Adriano Anselmo, do dia 15 de maio.
Os investigadores suspeitam que Dirceu teria usado sua empresa, JD Assessoria e Consultoria, para ocultar propina em forma de consultoria. Da Engevix, uma das empreiteiras do cartel, ele recebeu R$ 2,6 milhões entre 2008 e 2012.
Parte desse dinheiro foi pago via empresa do lobista Milton Pascowitch - a Jamp Engenheiros Associados. Pascowitch foi preso em maio pela Lava-Jato. Em um inquérito, o ex-ministro é investigado por suposta lavagem de dinheiro na compra de um imóvel de R$ 1,6 milhão, em 2012, em São Paulo, onde funcionava a JD Assessoria. Os trabalhos do ex-ministro também são investigados no caso da Camargo Corrêa, empreiteira que tem dois executivos delatores do processo.
Em março, a defesa do ex-ministro entregou à PF cópia de seu passaporte para provar que ele fez 108 viagens a 28 países. Os destinos mais frequentes foram Venezuela e Portugal, com 16 viagens para cada. Na sequência estão EUA (14 vezes) e o Panamá (8).
A maior parte dos deslocamentos ocorreu quando Dirceu já havia deixado a Casa Civil do governo Lula.
Em nove anos de atuação, segundo a defesa, a JD Assessoria prestou serviços a mais de 50 empresas no universo de quase 20 setores da economia, como comércio exterior, comunicação, telecomunicações, logística, tecnologia, construção civil, além de vários ramos da indústria, como a de bebidas, de bens de consumo, farmacêutico e insumos elétricos.
Defesa
Dirceu informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o número de viagens internacionais que fez é de aproximadamente 120. Os passaportes registram 108 deslocamentos para o exterior, mas porque entradas e saídas de Cuba não são anotadas em passaporte.
A assessoria assinala que as viagens foram realizadas também para atender aos contratos com a Engevix e Camargo Corrêa. O ex-ministro, sempre por sua assessoria, rebate taxativamente a informação de que seria acusado de corrupção na Petrobras. "Formalmente, não há acusação feita contra o ex-ministro.".