Sem citar nomes, Joaquim Barbosa disse que "é evidente que pessoas envolvidas, especialmente aquelas do mundo político, tentam criar obstáculos à ação" de instituições como o Ministério Público, a Justiça e a Polícia Federal.
"Se nota uma certa ambiguidade. O governo deveria se abster completamente disso", disse Barbosa. "As autoridades de alto nível do governo deveriam adotar uma postura de total equidistância em relação às apurações, já que há pessoas do círculo do poder que estão sendo investigadas. Mas acredito que a Justiça dará conta de seu trabalho".
O ex-ministro vê avanços no combate mundial à corrupção, com maior acesso de autoridades a dados ao redor do mundo. Falando sobre a Lava-Jato, ele explicou que a divisão da operação em inúmeras fases se dá pelo grande volume de material que imagina estar chegando às mãos da força-tarefa.
Ao comentar a nova lei anticorrupção, o ex-ministro do STF afirmou que o governo "emite sinais contraditórios que lançam dúvidas sobre sua real intenção em combater" a prática. Para exemplificar seu raciocínio, citou a readequação de multas a empresas brasileiras que corrompam agentes fora do País. Segundo o ex-ministro, ao limitar em 5% multas que poderiam chegar a 20% sobre o faturamento, o governo demonstra falta de comprometimento.
"Isso está na lei brasileira. Ao regulamentar essa lei, o governo estabeleceu essa multa, violando a lei, em 5%.
O ex-presidente do STF deu as declarações durante palestra sobre corrupção empresarial em evento de associação de shoppings centers. Para Barbosa, a lei anticorrupção do Brasil "tem lá suas falhas, mas está aí em vigor" e basta vontade política de aplicá-la..