Uma medida que, segundo autoridades, pode amenizar tais problemas é a federalização dos crimes de extermínio. As opiniões são dos ministros da Secretaria de Direitos Humanos, Pepe Vargas, e da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci de Oliveira, e foram manifestadas nesta quarta-feira, durante a reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que apura violências praticadas contra jovens negros no Brasil.
Para a ministra Eleonora, é necessário que o Poder Público fique atento às consequências que a morte de um filho causa nos pais, principalmente nas mães. Segundo ela, sequer existe protocolo para atender às sequelas causadas nessas mães após a morte dos filhos. “Entre os negros mortos, há muitas mulheres. Há também as que não morrem e chegam aos hospitais em busca de serviços de saúde para as sequelas psíquicas e psiquiátricas.”
De acordo com a ministra, a violência praticada contra jovens negros tem de ser tipificada como crime de racismo e de ódio, o que possibilitaria o aumento da pena para os que o cometerem. “Crime de ódio contra jovens negros e pobres é crime de racismo.
O ministro Pepe Vargas defendeu a “federalização dos crimes de extermínio”, uma vez que a maioria é praticada com a participação de policiais. “Por trás dos números, existem pessoas que morrem e famílias que são prejudicadas."
Segundo Vargas, dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos indicam que, das 594 mil denúncias de violência registradas, 35,8% foram praticadas contra negros e pardos, enquanto 25,5% foi contra brancos. "Dos 210 mil registros de violência contra adolescentes e jovens com idade entre 12 a 30 anos, 40,3% foram contra adolescentes jovens e negros, índice bem maior que o praticado contra adolescentes jovens e brancos ”, destacou o ministro.
Ele acrescentou que 36,5% das mortes de jovens foram por causa de agressão. “Se as estatísticas registradas em 2012 se mantiverem, entre 2013 e 2019 cerca de 42 mil adolescentes serão vítimas de homicídios só nos municípios com mais de 100 mil habitantes."
O ministro criticou a redução da maioridade para jovens que cometerem crimes hediondos. “É um equívoco e uma política equivocada, porque, em vez de reduzir a violência, terá efeito contrário. A violência aumentará. Claro que esse equívoco seria maior caso a redução da maioridade penal fosse aprovada na totalidade." Para Vargas, o Brasil tem leis que já condenam jovens. “A idade infracional no Brasil é 12 anos, idade bem mais baixa que em muitos outros países. Além disso, entre os jovens presos apenas 0,08% cumprem medidas socioeducativas.”
Pepe Vargas esclareceu que a maior parte desses crimes origina-se do envolvimento desses jovens com o tráfico e, em muitos casos, por causa do porte de pequena quantidade de droga. "Muitos são usados pelos traficantes como aviões. Sendo considerado crime hediondo, esses jovens serão levados aos presídios.
Vargas considerou “mais apropriada” a proposta apresentada pelo senador José Serra (PSDB-SP), que não reduz a maioridade, mas aumenta a internação para crimes hediondos praticados com violência..