Senadores desistem de visita a presos e voltam para o Brasil

No trajeto entre o terminal do aeroporto e a rodovia que os levaria ao presídio Ramo Verde, em Caracas, a comitiva foi atacada por um grupo de manifestantes contrários à presença dos parlamentares brasileiros

Marcelo Ernesto
Van onde estavam os senadores cercada por manifestantes pró-Maduro em ruas de Caracas, na Venezuela - Foto: Reprodução/Twitter

Após enfrentar bloqueios e protestos, a comitiva de senadores brasileiros que visita a Venezuela decidiu voltar para o Brasil na noite desta quinta-feira. A informação foi confirmada pela assessoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Voltamos para o aeroporto e devemos embarcar de volta em alguns minutos”, afirma a mensagem postada no perfil do tucano. Os parlamentares brasileiros foram ao país vizinho para fazer um gesto de solidariedade aos oposicionistas do governo de Nicolás Maduro que estão presos.

Aécio e o colega senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) usaram as redes sociais para relatar as dificuldades de cumprir a agenda no país vizinho. “Tentamos ir para a penitenciária novamente. Mas o trânsito, ainda sob influência dos bloqueios, tornou impossível”, disse o tucano de Minas. Pouco antes, Nunes disse que os parlamentares foram obrigados a voltar para o aeroporto.
“O túnel que dá acesso ao presídio está fechado. Motivo? Está sendo lavado. Isso impediu, de novo, nossa viagem. Voltamos ao aeroporto”, disse em seu perfil no Twitter.

Durante a tarde, logo que chegaram ao terminal em Caracas, os senadores tiveram a van em que estavam cercada por manifestantes pró-Maduro. “Manifestantes pró-governo venezuelano estão obstruindo toda a pista. É realmente de uma petulância e prepotência. Pior que qualquer ditadura da África”, afirmou o senador Ronaldo Caiado (DEM). Segundo ele, foram arremessadas pedras no ônibus em que os senadores estavam.

O senador Aécio Neves também relatou o episódio. “Estamos em Caracas, sitiados em uma via pública. Nossa van foi atacada por manifestantes”, afirmou em seu perfil no twitter. “Estamos aqui para defender a democracia e até agora o governo venezuelano tem demonstrado pouco apreço por ela”, completou.


“Não conseguimos sair do aeroporto. Sitiaram nosso ônibus, bateram, tentaram quebrá-lo. Estou tentando falar com o presidente Renan”, disse Caiado, referindo-se ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Além de Ronaldo Caiado (DEM), participam da comitiva os senadores ambém estão na comitiva Cássio Cunha Lima (PSDB), José Agripino (DEM), Ronaldo Caiado (DEM), Ricardo Ferraço (PMDB), José Medeiros (PPS) e Sérgio Petecão (PSD).

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), disse que “repudia e abomina” as agressões aos senadores brasileiros ocorrida em Caracas. Em nota, ele afirmou que vai cobrar “reação altiva do governo Brasileiro quanto aos gestos de intolerância”.

“As democracias verdadeiras não admitem conviver com manifestações incivilizadas e medievais. Elas precisam ser combatidas energeticamente para que não se reproduzam”, declarou Renan.

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira moção de repúdio ao tratamento dado à comitiva de senadores brasileiros em missão oficial à Venezuela. A moção foi aprovada por unanimidade em votação simbólica.

Partidos normalmente simpáticos ao governo da Venezuela também votaram a favor da proposta, como PSOL, PCdoB e PT.
Os partidos deixaram claro que se opunham ao episódio que comprometeu a integridade física de parlamentares brasileiros e que a posição desta tarde não tinha viés político contra o governo venezuelano.

Embaixador

No ônibus que transportava o grupo de senadores, em conjunto com as esposas dos presos políticos, a comitiva fez duras críticas à atuação do embaixador do Brasil no país, Rui Pereira. Os senadores vão propor a convocação do embaixador para explicações na Comissão de Relações Exteriores. "Ele só recebeu a comitiva e não esteve ao nosso lado", afirmou Caiado.

O grupo também reclamou da falta de proteção da polícia do governo Maduro. "Não houve reação nenhuma da polícia para nos proteger", disse Caiado. Além disso, os batedores da polícia não abriram caminho ao ônibus. Os policiais se limitaram a seguir ao lado do veículo.

 Com Agência Estado .