O Ministério das Relações Exteriores decidiu chamar a embaixadora da Venezuela no Brasil, Maria Lourdes Urbaneja Durant, e cobrou nesta manhã explicações da chanceler venezuelana, Delcy Rodriguez, sobre o episódio envolvendo a missão de senadores brasileiros em Caracas na quinta-feira, 18. A atitude é vista na diplomacia como um gesto de insatisfação do governo brasileiro e dependendo da resposta do governo de Nicolás Maduro, o Itamaraty pode chamar de volta ou não o embaixador brasileiro em Caracas.
Ontem, uma comitiva de senadores de oposição liderada pelo senador tucano Aécio Neves desembarcou em Caracas para visitar políticos presos pelo regime de Nicolás Maduro. Os parlamentares brasileiros não conseguiram cumprir o objetivo da visita depois que a van em que eles estavam foi cercada por militantes pró-governo.
Um porta-voz do Itamaraty esclareceu nesta tarde que o governo brasileiro prestou apoio logístico à comissão externa de senadores em Caracas, com oferta de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e autorização do governo venezuelano para a missão parlamentar e seu acesso à penitenciária de Ramo Verde, onde estão presos os líderes oposicionistas do país vizinho. A agenda, destacou o Itamaraty, foi estabelecida pela comissão de senadores e não pela embaixada brasileira, que só forneceu apoio logístico.
O Itamaraty informou que o embaixador brasileiro na Venezuela, Ruy Pereira, recebeu a comitiva no aeroporto, mas que seguiu o trajeto em carro separado porque não estava prevista sua participação na visita programada pelos senadores. Assim como os parlamentares, o embaixador também ficou preso no congestionamento e voltou com o grupo para o aeroporto quando foi decidido o retorno dos senadores ao Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores evitou comentar a missão dos senadores de oposição e disse que cabe ao governo venezuelano avaliar se houve ingerência dos parlamentares em questões políticas internas daquele país.