PT teme que Lula seja próximo alvo da Operação Lava-Jato

Estado de Minas
Lula já teria falado a aliados sobre o receio de ser o próximo alvo do juiz Sérgio Moro na Lava-Jato - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 14/2/14

Na semana em que os presidentes das duas maiores empreiteiras do Brasil, Odebrecht e Andrade Gutierrez, devem prestar depoimento à Polícia Federal, não é apenas o Palácio do Planalto que acendeu a luz de alerta. Caciques petistas admitem reservadamente o temor de que o ex-presidente Lula esteja na mira do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos relativos ao esquema bilionário de corrupção na Petrobras. Uma ala do PT, mais ligada ao ex-presidente, ataca nos bastidores a letargia da presidente Dilma Rousseff (PT) diante do agravamento da crise política e dos danos ocasionados pela Operação Lava-Jato. Para alguns interlocutores, a presidente lavou as mãos.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também é alvo da ira de alguns petistas por não ter conseguido controlar a situação. No geral, a avaliação é de que esta semana será uma das mais difíceis para a presidente. Os executivos da Odebrecht já mandaram recados ao Planalto alertando que não irão aceitar a prisão facilmente. Marcelo Bahia Odebrecht, da Construtora Norberto Odebrecht, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, foram para cadeia com outras 10 pessoas na 14ª fase da Operação Lava-Jato, apelidada de Erga omnes, que significa “uma medida vale para tudo”.

Depoimentos

Hoje, quatro executivos, dois da Odebrecht e dois da Andrade Gutierrez, vão prestar depoimento, em Curitiba, a delegados da Polícia Federal. Eles estão presos temporariamente.
A prisão do grupo vence amanhã, mas pode ser prorrogada por mais cinco dias.

De acordo com reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, o próprio Lula teria dito a aliados que a prisão dos dois maiores empreiteiros do país seria uma demonstração de que ele será o próximo alvo da operação Lava-Jato. Ainda segundo seus interlocutores, Lula se queixa da atuação do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que teria convencido Dilma a minimizar o impacto político da operação.

Em encontro com religiosos, em seu instituto, em São Paulo, Lula teria feito severas críticas à presidente. Disse que ela estava no “volume morto”. Reclamou da disposição da petista para viajar pelo país e afirmou que os ministros do PT não falam. “É um governo de mudos.”.