O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa sustentou em acareação com Alberto Youssef nesta segunda-feira, 22, em Curitiba, que o ex-ministro de Comunicação Paulo Bernardo solicitou R$ 1 milhão para o esquema de cartel e corrupção na Petrobras. Peças centrais nas investigações da Operação Lava Jato, os dois ficaram frente a frente por cerca de 10 horas para confrontar versões conflitantes de suas delações premiadas, em relação ao envolvimento de políticos.
Nesta terça-feira, 23, os dois vão detalhar o suposto pagamento de R$ 2 milhões a pedido do ex-ministro Antônio Palocci em 2010. A Lava Jato apura se a beneficiária foi a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2010.
Os três ex-ministros são alvos de inquéritos abertos a partir de março dentro do conteúdo das delações premiadas fechadas por Costa e Youssef no Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, os pedidos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foram para abertura de inquérito contra Lobão e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) - suposta beneficiária do pedido feito por Bernardo. No caso de Palocci, o STF remeteu o caso a Curitiba, onde foi aberto inquérito.
A acareação é conduzida por um delegado da PF de Brasília, onde são conduzidos os inquéritos sob a guarda da força-tarefa criada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Os termos são colhidos no âmbito dos inquéritos que sobrem no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo políticos, e que estão em fase inicial.
O ex-diretor e o doleiro são condenados da Lava Jato acusados de serem braços do PP no esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras, entre 2004 e 2012 - com pagamentos acontecendo até 2014.
Costa cumpre prisão em regime domiciliar no Rio. Ele chegou por volta das 9h30 na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba - sede das investigações da Lava Jato. Deve permanecer em um hotel de Curitiba, durante a semana.
Confirmação
Em relação a Paulo Bernardo, os delatores apontam o pagamento de R$ 1 milhão para a campanha de 2010 da ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR), que foi eleita senadora naquele ano. Bernardo, que é marido da senadora, fez a solicitação.
Um dos pontos de divergência explicado foi o de quem efetivamente teria entregue os valores pedidos por Paulo Bernardo. O doleiro não ter sido ele pessoalmente o efetivador das entregas.
Os depoimentos dos dois delatores foi convergente na maioria dos pontos abordados. "São informações que não chegam a ser contraditórios", afirmou um dos advogado de Youssef, Tracy Reinaldet.
Paulo Bernardo não foi encontrado para comentar o assunto nesta segunda-feira. Em outras ocasiões, ele afirmou que "não pediu nem recebeu qualquer importância" do doleiro Alberto Youssef.
A senadora Gleisi Hoffmann tem sustentando que desconhece Youssef e que "todas as doações constam na prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral."