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Estado de Minas

Pagamento de propina no exterior a funcionários da Petrobras era feito no Panamá


postado em 23/06/2015 06:00 / atualizado em 23/06/2015 07:36

Brasília – Um advogado apontado como primo do presidente do Panamá é o elo que a Polícia Federal usa para ligar a Construtora Norberto Odebrecht (CNO) à empreiteira Del Sur, usada para fazer pagamentos de propina no exterior a partir de esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. Em comunicado publicado nos principais jornais brasileiros nessa segunda-feira (22), a empresa brasileira, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, foi preso na 14ª fase da Operação Lava-Jato, na sexta-feira, nega ter relações com a Del Sur. No país latino, a CNO executa obras do metrô e pagou viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Panamá, em 2011,


Para delegados e agentes da PF, há indícios de vínculos entre a maior construtora do Brasil e a empresa usada para pagar propinas para os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque, além do ex-gerente da estatal e ex-diretor da Sete Brasil Pedro José Barusco. A PF listou comprovantes de pagamentos para contas ligadas ao trio. Barusco disse que a Odebrecht lhe transferiu US$ 916 mil de maio a setembro de 2009, por meio da Del Sur. Os documentos mostram transferências da Del Sur para a Pexo Corporation, empresa controlada pelo ex-dirigente da Petrobras. Barusco confessou ser destinatário de propinas de empreiteiras e de estaleiros que fecharam negócios com a estatal e com a Sete Brasil, empresa de capital privado e público que constrói navios-sondas para a exploração de petróleo na camada pré-sal.

Segundo o Relatório 154 da Polícia Federal, a Del Sur foi criada em 2006, na Cidade do Panamá, e encerrada em 25 de agosto do ano passado, meses após a deflagração da Lava-Jato. Em 2009, a composição da diretoria e do agente que administra a construtora foi modificada para incluir o advogado Francisco Martinelli Patton. Para a PF, ele é primo do então presidente do Panamá, Ricardo Martinelli (2009-2013). O escritório de Francisco – Patton, Moreno e Asvat – foi contratado pela Odebrecht Óleo e Gás para emitir US$ 1,7 bilhão em títulos em favor da empreiteira.

No Panamá, a Odebrecht possui 55% do consórcio Linea Uno, que executa obra do metrô da capital panamenha, empreendimento de US$ 1,4 bilhão. Uma empresa ligada à Patton, a Sarda, assinou um contrato de consultoria de US$ 2,3 milhões com o consórcio. A PF suspeita de que pessoas ligadas ao então presidente panamenho tenham sido beneficiadas nesses negócios. A reportagem procurou  Martinelli, mas não o localizou.

Em 20 de maio de 2011, sete meses depois de a vitória do consórcio liderado pela Odebrecht ser anunciada, Lula visitou o país em viagem paga pela construtora e jantou com Ricardo Martinelli na casa de um diretor da empreiteira. A assessoria do Instituto Lula disse que o ex-presidente fez apenas palestras, não lobby.

Contestação

Em comunicado publicado nessa segunda-feira, a Odebrecht refuta irregularidades, nega ligações com a Del Sur e diz que a prisão de seus executivos  foi ilegal. “A Polícia Federal não apresentou qualquer fato novo que justificasse as medidas de força cumpridas, totalmente desnecessárias e, por isso mesmo, ilegais.” O comunicado reforçou retificação feita pelo juiz  Sérgio Moro de documento apresentado pelo delator Pedro Barusco. O magistrado destacou que não se trata de um depósito da Odebrecht, mas de uma compra, feita por Barusco, de títulos da empreiteira.

Ainda segundo a Odebrecht, é erro de interpretação a suspeita de sobrepreço em navios-sondas feita a partir de mensagem de e-mail. Nela, um diretor fala em “sobrepreço de 20 a 25 mil dólares ou reais” na construção das embarcações para a Petrobras. “O termo ‘sobrepreço’ (...) representa, apenas, a remuneração contratual da Odebrecht Óleo e Gás, como operadora de sondas”, diz o comunicado.

 


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