Brasília - Preocupada com o impacto da Operação Lava-Jato no programa de concessões, a presidente Dilma Rousseff pediu nesta segunda-feira, 22, para ministros desfazerem o clima de insegurança que domina a cena política e econômica desde que a Polícia Federal prendeu, na sexta-feira, os presidentes das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez. A ordem no Palácio do Planalto é transmitir confiança, mas, nos bastidores, há temor com os desdobramentos da investigação.
Temer respondeu que, juridicamente, não havia empecilho para a participação das empresas no programa. O vice reforçou o que dissera o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e contestou o juiz Sérgio Moro, para quem a permissão para empresas investigadas entrarem em licitações provoca "risco de reiteração das práticas corruptas".
Mesmo assim, todos concordaram na reunião que é preciso acompanhar "com lupa" a possível sucessão nas duas maiores empreiteiras do País. O receio do governo é que possa haver paralisação de obras e demissões, o que, para auxiliares de Dilma, seria "o pior dos mundos".
O discurso oficial, porém, é de que não há turbulência no radar do Planalto. "Vamos olhar para a frente, e não para o passado", disse o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, que ajuda Temer na articulação política. "Há um programa em andamento, para concessões em portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, que não tem absolutamente nada a ver com a Lava-Jato", emendou ele, em referência à segunda etapa do plano de investimento em logística, lançado no dia 9, totalizando R$ 198,4 bilhões.
Padilha admitiu que o governo precisa "capitalizar" as iniciativas positivas e minimizou a baixa popularidade de Dilma, sob o argumento de que há ligeira melhora na avaliação da sociedade sobre a economia.
Viagem
A prisão dos executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, às vésperas da viagem de Dilma aos Estados Unidos, é outro motivo de preocupação no Planalto. Dilma tem um encontro com o presidente americano, Barack Obama, no próximo dia 30. Antes disso, no dia 29, em Nova York, ela vai se reunir com representantes do mercado financeiro, de fundos e bancos americanos. Em Washington, conversará com empresários da área de infraestrutura, petróleo e gás e em San Francisco sua agenda será mais voltada à alta tecnologia.