"Chega a ser infantil a acusação da PF", diz advogado sobre bilhete de Odebrecht

Defesa sustenta que, ao escrever "destruir e-mail" em recado na prisão, empreiteiro pedia para esclarecer a interpretação "equivocada" da PF

O advogado criminal Augusto de Arruda Botelho, que integra o núcleo de defesa da Odebrecht, afirmou nesta quarta-feira que o bilhete manuscrito do presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht - no qual ele pede "destruir e-mail sondas" - contém "uma série de pontos a serem esclarecidos na sua estratégia, nas suas teses para a impetração de um habeas corpus".

O executivo foi preso sexta-feira, quando foi deflagrada a 14ª etapa da Operação Lava-Jato, por suspeita de cartel e corrupção na Petrobras.

A defesa vai ingressar com habeas corpus em favor do empreiteiro. Na manhã de segunda-feira, um policial federal de plantão na Custódia da PF de Curitiba (PR), base da Lava-Jato, encontrou com o presidente da Odebrecht um manuscrito endereçado aos advogados de defesa. O bilhete foi copiado pela PF. O original ficou com os advogados.

Na noite de terça-feira, a própria defesa de Marcelo Odebrecht entregou petição à Justiça Federal com seus argumentos sobre o bilhete. Nesta quarta-feira, o delegado Eduardo Mauat, da força-tarefa da Lava-Jato, entregou sua comunicação sobre o bilhete ao juiz Sérgio Moro - que conduz as ações penais contra empresários supostamente envolvidos com esquema de propinas na estatal petrolífera.  "Primeiro é importante deixar claro que foi a defesa de Marcelo Odebrecht quem comunicou ao juiz Sérgio Moro os fatos que se passaram na carceragem da Polícia Federal de Curitiba", declarou nesta tarde o advogado Augusto de Arruda Botelho.

Segundo o criminalista, durante uma conversa do presidente com seus advogados, ele entregou um bilhete nas mãos de um agente da Polícia Federal e esse agente da Polícia Federal repassou o bilhete a seus advogados. "Nesse bilhete havia uma série de pontos a serem esclarecidos na sua estratégia, nas suas teses, para impetração de um habeas corpus", acentuou Botelho.
"Dentre esses pontos a serem utilizados no habeas corpus havia menção à destruição de um e-mail. Destruição nada mais é do que esclarecer o conteúdo do e-mail e aniquilar a interpretação equivocada que a Polícia Federal deu a esse e-mail", afirmou.

 

"Esse e-mail serviu como base para o pedido de prisão então é natural que esse e-mail precisaria ser contestado através de recursos judiciais. Então, destruir e-mail, me parece bastante claro, nada mais é do que contestar a equivocada interpretação que a Polícia Federal deu a esse e-mail", completou o advogado.

Para Augusto Botelho, "chega a ser infantil a acusação da Polícia Federal de que esse bilhete, esse termo, constitui a prática de um crime". "Não faz sentido algum alguém mandar destruir um e-mail que é público. Esse e-mail faz parte da representação que a Polícia Federal fez para pedir a prisão de Marcelo Odebrecht. Não faz sentido algum pedir a destruição de algo que é absolutamente público", disse.

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