Na proposta original defendida pelo Ministério da Fazenda, toda a indústria têxtil teria alíquota sobre a receita bruta elevada de 1% para 2,5%. Na redação dada por Picciani, ela foi elevada apenas em meio ponto porcentual, passando a 1,5%, exclusivamente nos casos das confecções de roupas. Fernando Pimentel, diretor Superintendente da Abit, afirma que o texto-base na Câmara não incluiu na alíquota menor a fabricação de tecidos e também deixou de fora as confecções de cama, mesa e banho.
Para Pimentel, mesmo o aumento de 0,5 ponto porcentual já é visto como um peso para a indústria em tempos de alta de custos com energia e desaquecimento do consumo no País. "Não estamos falando de desonerar, mas de onerar, só que não na magnitude anteriormente prevista", pondera.
Ainda assim, ele considera que a manutenção dessa alíquota intermediária não inviabilizaria por completo a adesão das empresas do setor ao regime de desonerações. Já uma alíquota de 2,5% sobre a receita, afirma, tenderia a fazer as empresas voltarem para o regime de cobrança de 20% de contribuição previdenciária.
Emprego
A oferta de empregos na indústria têxtil tem sofrido este ano. De janeiro a maio, as demissões superaram as admissões e o saldo ficou negativo em 7,2 mil vagas, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
"O consumo das famílias vive um viés de baixa e passamos a ter uma perspectiva macroeconômica mais acanhada", destaca o executivo. Os dados da Abit indicam que a produção de vestuário caiu 13% de janeiro a abril deste ano ante igual período do ano passado e a produção de têxtil sofreu queda de 6,7%.
Para Pimentel, a expectativa até o final do ano não indica grande melhora no ambiente de consumo e, consequentemente, a geração de empregos ainda será pressionada.
Entre os fatores com potencial para influenciar positivamente o setor, ele aponta a expectativa de aumento nas exportações diante da desvalorização do real e dos esforços mais recentes na política comercial brasileira.
Apesar disso, o cenário ainda é pessimista. "O aumento da exportação e alguma substituição dos importados por produtos nacionais poderiam melhorar o cenário da indústria, mas não acredito que seria suficiente para contornar a queda do PIB e a redução do consumo interno", conclui..