A petição entregue ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava-Jato, é subscrita por seis criminalistas que integram o núcleo de defesa da empreiteira, cujo presidente, Otávio Marques de Azevedo, foi preso pela Erga Omnes, 14.ª fase da Lava Jato, deflagrada sexta-feira.
Azevedo está sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal sustentam que já existem provas de que a empreiteira e seus dirigentes faziam parte do comando do cartel e fraudes em licitações 'como uma prática de negócios'.
A Andrade Gutierrez nega envolvimento com o cartel de empreiteiras que, segundo a força-tarefa da Lava-Jato, se apossou de contratos bilionários da Petrobras.
Nesta quarta-feira, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) negou liminar em habeas corpus para o empresário Otávio Marques de Azevedo. O criminalista Edward Rocha disse que estuda medidas contra a prisão de Azevedo. "Lutaremos até o fim pela soltura de uma pessoa inocente. Não existe absolutamente nenhum fundamento para a prisão preventiva. A decisão que nega a liminar não aborda nenhum dos fundamentos para prisão preventiva, porque eles não existem", afirmou Edward Rocha.
'Relações institucionais'
Em depoimento aos investigadores da Lava Jato em maio, antes de ser preso, Otávio Azevedo admitiu ter se reunido várias vezes com Fernando Baiano, apontado como operador de propinas do PMDB no esquema de desvios na Petrobras. Além de tratar de propostas de projetos para a empreiteira, segundo o executivo, Baiano teria lhe solicitado doações eleitorais para o PMDB. Desde o começo da operação o partido vem negando qualquer envolvimento com irregularidades e com Fernando Baiano.
Além disso, Otávio Azevedo declarou que manteve "relação institucional" com pelo menos seis políticos do PMDB, incluindo o vice-presidente da República Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ).
O executivo, contudo, não deu mais detalhes sobre o relacionamento institucional que manteve com estes políticos, e negou que a Andrade Gutierrez tenha participado do esquema de cartel em obras da Petrobras. "Que prova de não ser beneficiado pelo alegado cartel é o fato de, apesar de ser a segunda maior empreiteira do País, a Andrade Gutierrez ficou na 12ª posição na participação de contratos com a estatal", afirmou o executivo..