"Essa questão que é crucial para a sociedade brasileira.
Para Renan, é fundamental aprofundar o debate para que não se cometam "equívocos". A fala de Renan demonstra uma sutil mudança de postura. Os dois estavam em rota de colisão desde que Renan teve importantes aliados retirados de cargos-chave no governo Dilma.
'Irresponsável'
O líder do governo na Casa, Delcídio Amaral (PT-MS), disse não ter dúvidas de que os senadores vão mudar o texto. "O Senado sabe que isso quebra o Brasil." O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), chamou a alteração feita pelos deputados de "irresponsável" e "perigosa" e disse que os senadores da base podem ter uma "convergência" contra a proposta, ao contrário do que ocorreu na Câmara. "O Congresso, particularmente a Câmara, conspira o tempo inteiro para que esse desequilíbrio se aprofunde", criticou.
A MP, que deve ser votada pelos senadores na próxima semana, tem de ser apreciada pelo Congresso até 7 de agosto, senão perde a validade. Se alterada, a MP volta para a Câmara.
Planalto
Preocupada com o rombo nas contas públicas, a coordenação política do governo vai se articular para tentar alterar o texto no Senado, apesar das resistências que sabe que serão enfrentadas com diversos parlamentares de diversos partidos.
No Planalto, a avaliação é de que a derrota não pode ser atribuída a um único partido, já que houve defecções em todas as legendas da base. Numericamente a derrota mais expressiva foi no PP, onde 18 dos 29 deputados traíram o Planalto. Mas o governo sabe que este não será o único nem o principal problema para conseguir reverter o clima de animosidade para a votação no Senado para derrubar a emenda incluída na Câmara, e depois, na volta do texto para apreciação dos deputados.
"Precisamos costurar muito bem essa estratégia porque, senão, todo o esforço alcançado com o ajuste vai por água abaixo", comentou um dos ministros que integra a coordenação política. "Sabemos que há resistências até dentro do PT e precisaremos trabalhar para buscar todos esses votos", prosseguiu.
Tabelinha
Nas últimas votações, segundo avaliações do Planalto, Cunha não estaria atrapalhando. Mas o governo teve indicativos de que ele estaria contrariado com vetos que a presidente Dilma Rousseff teria feito na MP 668 que alterava alíquotas do PIS/Pasep, e na qual foram embutidos muitos "jabutis" e que poderia atrapalhar o Planalto por causa disso. O fato é que o Planalto sabe que Cunha e Renan "estão fazendo tabelinha para ver quem inferniza mais a vida do governo". .