Washington - Quando se encontrarem em Washington na próxima terça-feira, 30, os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama darão sinais de que viraram a página da crise gerada pela espionagem dos Estados Unidos e que estão prontos para colaborar em uma série de temas, entre os quais o combate à mudança climática terá papel central.
Com apenas dois meses de preparação, a agenda da visita será uma colcha de retalhos, com acordos de facilitação de comércio, defesa, educação e ciência e tecnologia. O anúncio em relação ao clima foi a maneira encontrada pela Casa Branca de alinhar a visita às prioridades internacionais de Obama e vincular a relação bilateral a uma questão global.
O americano trabalha para deixar um legado nessa área e pressiona outros países a assumirem compromissos ambiciosos na conferência sobre o clima em dezembro, em Paris. Os EUA gostariam que o Brasil adotasse posição semelhante à da China e anunciasse metas de redução de emissões ao fim do encontro bilateral, mas isso não deve ocorrer. Segundo uma fonte brasileira, o País não tem intenção de divulgar seus compromissos de Paris nos Estados Unidos.
"Essa é uma oportunidade para Brasil e Estados Unidos mostrarem liderança global nessa área", disse o diretor para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional (CSN) da Casa Branca, Mark Feierstein. Segundo Ben Rhodes, também do CSN, há outros caminhos para os governos manifestarem comprometimento com o tema além das metas de redução de emissões.
Em conversa por telefone, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, disse nesta quinta-feira, 25, a Dilma que o convite de Obama reflete o compromisso de realizar o "enorme potencial" da parceria entre os dois países. De acordo com nota da Casa Branca, Biden "enfatizou a importância de trabalhar com o Brasil e outros parceiros para produzir um acordo robusto sobre o clima em dezembro", além de ressaltar a relevância econômica da facilitação de viagens entre os dois países.