“Crime eleitoral desse porte tem que ter como resposta imediata o afastamento da função. Dilma e o PT, com mais essa (denúncia), reforçam que não tem condições de comandar o país. Isso é motivo mais que suficiente para Dilma perder o mandato e para convocarmos novas eleições”, afirmou Caiado. Em depoimento, Ricardo Pessoa citou suposto repasse ilegal de R$ 3,6 milhões para o tesoureiro da campanha da presidente Dilma em 2010, José de Filippi, e para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Ontem, outros parlamentares da oposição criticaram a presidente por meio das redes sociais e pediram a abertura de um processo de impeachment. “Se ela (Dilma) não pedir o afastamento e as apurações, estará, com seu silêncio e inércia, dando veracidade ao conteúdo da delação”, disse Rubens Bueno (PPS-PR). A movimentação pela queda do governo tinha perdido fôlego nas últimas semanas.
PROVAS Depois de duas reuniões com ministros para discutir as novas denúncias, a presidente Dilma escalou o titular da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva, para rebater as denúncias feitas por Ricardo Pessoa. Durante coletiva, Silva disse que “causa indignação” a tentativa de criminalizar doações legais. Perguntado se o governo teme que as denúncias reacendam o debate sobre impeachment, Silva respondeu: “Não há fundamento legal para isso. O que estamos enfrentando neste momento é o vazamento seletivo de uma delação premiada. Algo que precisa ser provado”, afirmou Edinho.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltou que o benefício da delação premiada pode ser suspenso pela Justiça caso fique comprovado que o depoimento dado não seja verdadeiro. “Temos que entender o contexto em que a delação é feita: que a pessoa quer obter benefícios. Ela pode dizer toda a verdade, pode mentir em tudo, pode ser seletiva também nas informações que presta. Isso tem que ser apurado e investigado”, disse.
Cardozo afirmou que a presidente Dilma está “absolutamente tranquila” e que o governo quer agilidade na apuração dos fatos. “O governo e todas as pessoas atingidas por uma delação têm interesse claro que a investigação vá a fundo e o mais rápido possível. Porque não há nada pior do que haver uma acusação que você não sabe se ela é real, não tem como se defender”, avaliou o ministro.
À tarde, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante – que também foi citado por Pessoa como beneficiário de repasses para sua campanha ao governo de São Paulo, em 2010 – descartou a hipótese de um processo de impeachment. Segundo ele, “não há base jurídica”. Mercadante admitiu que desistiu de acompanhar a presidente Dilma em sua viagem aos Estados Unidos para se defender das acusações. “Eu queria estar aqui, explicar todas as vezes que fosse necessário.
Assessor
O chefe de gabinete do ministro Edinho Silva, Manoel de Araújo Sobrinho, foi apontado pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, como o responsável por acertar doações de R$ 7,5 milhões à campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014, supostamente obtidos por meio de achaque à empreiteira. Segundo a revista Veja publicada ontem, Pessoa contou que fez contribuições oficiais à coligação de Dilma após conversa com Edinho, na qual o ministro, então tesoureiro da campanha, teria vinculado as doações a contratos na Petrobras. Sobrinho trabalhou no comitê financeiro da presidente, ao lado de Edinho. No ano passado, ele doou R$ 24,8 mil para a campanha de Dilma.
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