Após reuniões iniciadas em março, líderes como o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT), o ex-presidente do PSB Roberto Amaral - ambos ex-ministros do governo Lula -, os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os deputados Alessandro Molon (PT-RJ) e Glauber Braga (PSB-RJ) decidiram redigir carta-manifesto com os principais pontos da agenda que a frente pretende apresentar à sociedade.
Genro é o relator do esboço do documento, que será apresentado em reunião marcada para 6 de julho, no Rio. "Os pontos centrais que pediram para abordar giram em torno, principalmente, da natureza dos ajustes recessivos que estamos sofrendo. O que nos move é colocar propostas de quadros políticos dos distintos partidos - não os partidos como instituições - para serem examinadas pelo conjunto da sociedade, colaborando para a formação de uma futura frente política com um programa de mudanças democráticas, na economia e na política. Não temos a pretensão de sermos o 'centro' desta frente, nem que algum dos nossos partidos o seja", afirmou ele.
Segundo Genro, o grupo não está ligado a Lula, embora integrantes sejam próximos a ele. Lula e Genro deverão se reunir provavelmente em 7 de julho. No início da semana, Lula pregou a "revolução interna" no PT, que "só pensa em cargos" e "perdeu a utopia". No fim de semana passado, pesquisa do Datafolha mostrou que a popularidade de Dilma só não é pior que a do presidente Fernando Collor de Melo em setembro de 1992, pouco antes do impeachment.
Na definição de Randolfe Rodrigues, o futuro manifesto será a "resposta de setores progressistas de esquerda à onda conservadora que temos no Brasil e que tem como grande representante o deputado Eduardo Cunha". Ele defende que, além das críticas ao ajuste, o primeiro documento da frente rejeite a redução da maioridade penal, em discussão na Câmara, e o fim da obrigatoriedade de que a Petrobrás participe com o mínimo de 30% dos consórcios de exploração do petróleo no pré-sal, projeto que tramita no Senado.
"As forças progressistas, ditas democrática populares, têm estado na defensiva. A ideia é organizar ações de caráter político, não eleitoral, com os movimentos sociais, a classe artística, intelectuais, para que sejam ainda mais amplas", afirmou o senador do PSOL.
Integrante da dissidência do PSB que não apoiou o tucano Aécio Neves no segundo turno da disputa presidencial, após a derrota da Marina Silva, Glauber Braga diz que o grupo "não tem ideia de sustentação de projeto político eleitoral para 2016, 2018 ou 2020". "A frente não tem influência do ex-presidente Lula ou de qualquer outro presidenciável. A política econômica permeia a discussão, mas nos propomos a pensar a política brasileira, dialogar com os que têm ideias progressistas e o que se quer a partir de agora.".