Brasília, 28 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar o vácuo político deixado pela presidente Dilma Rousseff, em viagem oficial aos Estados Unidos, e negociará com líderes do Congresso saídas para a crise política agravada pela delação do empresário Ricardo Pessoa, da UTC. Em Brasília nesta segunda-feira, 29, Lula terá uma conversas reservadas com parlamentares do PT. Aliados do ex-presidente esperam uma nova rodada de críticas a Dilma no encontro. Lula considera o governo "letárgico" e "apático" diante das recentes denúncias de irregularidades e que o partido não pode ter a mesma postura.
"Ele tem se queixado que não há um petista que suba à tribuna para defender o partido. Não há ninguém criticando os excessos da Lava Jato", afirma uma fonte do partido. A estratégia de Lula, no entanto, enfrenta resistências, uma vez que aliados não querem se desgastar perante a opinião pública, já refratária ao partido.
Outro ponto que tem incomodado o ex-presidente e que azeda ainda mais a relação com sua sucessora é o fato de Dilma ter limitado a influência dos ministros Jaques Wagner (Defesa) e Ricardo Berzoini (Comunicações) no núcleo duro de tomada de decisões do Palácio do Planalto.
Em outra frente, Lula deve cobrar uma nova agenda do PT no Legislativo. Segundo interlocutores, ele considera que a sigla precisa pensar no "pós-ajuste fiscal" e defender avanços alcançados durante os governos petistas. Um dos alvos é o Plano Nacional de Educação (PNE), que, segundo Lula tem dito a petistas, precisa ganhar amplo destaque na pauta do partido no Congresso.