Segundo o EM apurou, a Construtora Norberto Odebrecht assumiu em 2012 o topo da lista, e, desde então, não saiu mais da primeira colocação. Naquele ano, a empreiteira comandada por Marcelo Odebrecht, preso na 14ª fase da Operação Lava-Jato, tomou o lugar da Delta Construções, investigada pela Operação Monte Carlo, deflagrada em 2012 pela Polícia Federal, que investigou o envolvimento da empresa no esquema de Cachoeira.
Nos cinco primeiros meses de 2015, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, esta também alvo da 14ª etapa da Lava-Jato, receberam R$ 219 milhões da União. As empresas tocam vários tipos de obras, desde ferrovias até a implantação de um estaleiro naval para a construção de submarinos nucleares. O montante repassado para a Odebrecht atingiu R$ 197,5 milhões, sendo a maior parte referente a gastos do Ministério da Defesa, destinados à construção da base naval em Itaguaí, no litoral fluminense.
Já a Andrade Gutierrez recebeu, até junho, R$ 21,5 milhões para a construção da ferrovia de integração Leste-Oeste, empreendimento que ligará os municípios de Ilhéus e Caetité, na Bahia. Os recursos envolvem a execução de obras de engenharia e serviços como desapropriações, garantias ambientais e ações de preservação de sítios arqueológicos. A obra foi planejada para proporcionar uma via de escoamento para a produção da região e integrar o transporte ferroviário com outros modais.
No ano passado, a Odebrecht foi a terceira empresa que mais teve contratos assinados com o governo federal – R$ 1,130 bilhão em ações de infraestrutura.
SUSPENSÃO Este ano, as empreiteiras investigadas na Operação Lava-jato devem amargar uma redução significativa dos seus contratos com a União. Isso porque, no final de 2014, a Petrobras anunciou que as 23 empresas citadas pela Polícia Federal no suposto esquema de cartel para vencer licitações da estatal estão temporariamente impedidas de disputar novos contratos.
Além da Odebrecht e Andrade Gutierrez, foram bloqueadas as construtoras Camargo Corrêa, Egesa, Engevix, Galvão Engenharia, Iesa, Jaraguá Equipamentos, Mendes Júnior, OAS, Queiroz Galvão, MPE, GDK, Promon, Fidens, Construcap, Carioca Engenharia, Setal, Alusa, Techint, Tomé Engenharia e Skanska. Todas elas citadas em acordo de delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, operador do esquema. Segundo a estatal, o bloqueio não implica paralisação ou rescisão de contratos vigentes, que ultrapassam a R$ 70 bilhões.
FORA DA BRIGA Entre 2007 e 2011 a Delta Construções era a empresa que mais firmava contratos com o governo federal no setor de obras públicas. Por três anos, entre 2009 e 2011, consecutivos foi a empreiteira que mais recebeu repasses da União. Em 2012, a Delta abandonou as disputas por licitações públicas após a deflagração da Operação Monte Carlo. Membros da diretoria da empreiteira foram citados como integrantes do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que acumulava negócios no mundo da jogatina e negociava com órgãos públicos indicações para cargos comissionados.
No mesmo ano, a empresa foi também investigada na Operação Mão Dupla, que desvendou irregularidades em contratos da Delta com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Em junho de 2012, o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, declarou a construtora Delta inidônea, impedindo a empresa de firmar novos contratos com a administração pública.
Entre 2006 e 2011, quando ocupava a liderança entre as construtoras que mais recebiam repasses federais, a Delta recebeu R$ 3,4 bilhões da União. Em 2012, ano em que o esquema veio à tona, a empresa caiu para a oitava posição no ranking, perdendo lugar para a Queiroz Galvão, que naquele ano recebeu R$ 518,9 milhões, e Odebrecht, que recebeu R$ 1,135 bilhão – foi a primeira vez que uma empresa ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão em repasses da União. No ano passado, já em processo de recuperação judicial, a Delta ficou de fora das 80 empresas com os maiores repasses dos cofres públicos.
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