No primeiro debate para escolha do novo procurador-geral da República, o procurador que tenta a reeleição, Rodrigo Janot, afirmou nesta segunda-feira (29/6) que a Operação Lava-Jato mostra um caso de corrupção na Petrobras “descomunal”. Ele disputa a recondução no cargo com os procuradores Carlos Frederico Santos, Raquel Dodge e Mário Bonsaglia. Janot ainda defendeu “maior independência investigatória” do Ministério Público em relação à Polícia Federal, corporação com quem os procuradores mantêm confronto de espaço e poder.
Segundo o procurador, a instituição mudou nos últimos dois anos. “Quando nos deparamos com este enorme, descomunal caso de corrupção, a instituição não era a mesma de há dois anos”, disse Janot. “As mudanças estruturais realizadas nos permitiram enfrentar a questão com profissionalismo e maturidade.”
O subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santo criticou o andamento da investigação. Disse que era possível investigar sem intervenção do Judiciário e da polícia. “Não precisava de intervenção judicial”, disse ele. “Por que não realizamos? Por que judicializamos? Por que levamos isso à polícia quando poderíamos ter realizado dentro de nossa casa?”, questionou Frederico.
Janot disse que a ausência da intervenção do Supremo Tribunal Federal causaria a nulidade da Operação Lava-Jato.
Embate
Segundo Janot, o Ministério Público deve criar um modelo de atuação que os deixe mais independentes da investigação da Polícia Federal. “Nós temos agora a responsabilidade de criar um modelo para que possamos desenvolver com profissionalismo e objetividade nosso mister”, afirmou. “Ressaltaria o que foi feito até agora. Nós temos uma atuação preponderante na área federal no combate a crimes financeiros e corrupção. Nós temos que trabalhar para que tenhamos maior independência investigatória no que se refere à colaboração da Polícia Federal”.
No meio da Operação Lava-Jato, o ministro relator do caso no STF, Teori Zavascki, decidiu que a PF e o Ministério Público, para o bem da sociedade, deveria atuar de forma harmônica e sem disputas por espaço. Segundo ele, não cabia ao Judiciário obrigar a polícia a se reportar ao Ministério Público, a cada momento, toda vez que desejar fazer uma diligência no caso..