Dilma promete reflorestar 12 milhões de hectares até 2030

Compromisso integra declaração sobre mudança climática fechada com os EUA. Ambientalistas afirmam que meta da presidente é apenas metade do exigido pelo Código Florestal para zerar passivo

Maria Clara Prates

Clique aqui para ampliar - Foto: Arte/Estado de Minas



Para falar a mesma língua do presidente da República dos Estados Unidos, Barack Obama, o Brasil se comprometeu a restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de floresta até 2030 e adotar medidas mais eficazes para eliminar o desmatamento ilegal. As medidas integram declaração sobre mudança climática fechada com os Estados Unidos e anunciada ontem pelos presidentes Dilma Rousseff e Obama. Apesar da iniciativa, a proposta brasileira recebeu crítica de entidades de defesa do meio ambiente, como o Greenpeace Brasil. Por meio de nota, a organização não governamental afirmou: “É inaceitável que o compromisso mais ambicioso que Dilma assume para proteção das florestas e combate às mudanças climáticas seja tentar cumprir a lei. Mas foi exatamente isso o que ela fez em aguardada reunião com Obama, hoje (ontem) pela manhã, em Washington. Prometeu fazer o possível para combater o desmatamento ilegal no Brasil, sem dar prazo ou garantia concreta”.

Para os defensores das florestas, causou irritação ainda a meta de reflorestamento para os próximos 15 anos. “Dilma prometeu restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030, mas isso é cerca de metade do exigido pelo atual Código Florestal para zerar nosso passivo ambiental”, acrescenta a nota do Greenpeace. Para a ONG, o governo brasileiro deveria defender o fim do corte de florestas e não propôr desmatamento ilegal ou líquido zero, o que abriria grande margem aos desmatadores.
O anúncio ocorre “enquanto dezenas de governos se comprometeram a zerar suas perdas florestais até 2030, como consta na Declaração de Nova York sobre Florestas, do ano passado – que o governo brasileiro se recusou a assinar”, ressaltou o texto da ONG.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam uma gradual desaceleração da curva de desmatamento da floresta amazônica – o maior bioma brasileiro – entre 2005 e 2014, embora os cortes acumulados no período cheguem a 94.054 quilômetros quadrados (km2) , uma área equivalente à soma dos territórios dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (veja quadro). E apesar da desaceleração, somente em 2015, a floresta amazônica perdeu 4.884 km2 de sua cobertura vegetal. No mesmo período, o desmatamento no bioma da mata atlântica foi de 2.115,86 km2. O estudo também aponta que o Brasil tem, atualmente, 7,1 milhões de florestas plantadas. “Queremos virar a página e passar a ter uma política clara de reflorestamento”, defendeu Dilma, durante o anúncio.

Renováveis Os dois países se comprometerem também em elevar a 20% a participação de fontes renováveis em sua matriz energética, sem considerar hidrelétricas. Brasil e Estados Unidos pretendem ainda lançar um Programa Binacional de Investimentos em Florestas e Uso da Terra, visando a melhorar as condições de atração de investimentos no manejo sustentável.

ENTRADA FACILITADA

Os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama anunciaram ontem, em Washington, o ingresso do Brasil no programa Global Entry – que agiliza a entrada de viajantes frequentes nos Estados Unidos – a partir do primeiro semestre de 2016. O Global Entry permite que o viajante passe por autoridades alfandegárias de forma mais ágil, a partir de guichês eletrônicos, mas não dispensa os viajantes da apresentação de visto para  entrar no país. Ainda haverá negociações em torno de detalhes que os dois países se comprometeram a cumprir para pôr em prática o acordo.

 

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