Em seguida, Dilma afirmou que o governo "não teve acesso aos autos (dos processos)" e que os ministros "não sabem do que são acusados". Segundo ela, por isso, eles "não têm como se defender". Em tom de desabafo, completou: "Isso é um tanto quanto Idade Média. Não é isso que se pratica hoje no Brasil".
As declarações de ontem vão na contramão da postura adotada por Dilma no Palácio do Planalto. Desde que assumiu o governo, em janeiro de 2011, ela se notabilizou por demitir ou aceitar prontamente a saída de auxiliares de primeiro escalão suspeitos de irregularidades. Essa postura foi celebrada pelos marqueteiros do PT como "faxina na Esplanada".
Edinho e Mercadante, petistas importantes na estrutura do partido, são citados por Pessoa na delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal no mês passado.
Para a petista, a divulgação da delação está sendo feita de forma "seletiva". Este é o mesmo discurso usado pelo PT para sugerir ser vítima de manobra política. Dilma afirmou que vai "aguardar toda a divulgação dos fatos para avaliar a situação" dos ministros, acentuando que é preciso ter "acesso" às informações em poder do STF.
Direito de defesa
Ao defender o direito de defesa, Dilma disse que "o governo brasileiro não tem acesso aos autos, estranhamente, há um vazamento seletivo e alguns têm e, aí, durante um tempo, podem falar o que quiserem e aqueles que são mencionados, não têm como se defender porque não sabem do que são acusados". As declarações foram dadas ao lado do presidente do EUA, Barack Obama. Anteontem, Dilma havia dito não "respeitar" delatores, em referência a Pessoa.
Na terça-feira, Dilma lembrou que o Brasil se redemocratizou depois de passar por forte período de arbítrio. "Por isso, nós temos de ter o maior respeito pelo direito de defesa e por uma coisa que se chama que se condena quando se prova. Não tem o inverso. Quem prova se a pessoa é culpada é quem acusa.
"Em várias democracias, nós preservamos o direito de defesa das pessoas e a obrigação da prova ser formada com fundamentos e não simplesmente com ilações ou sem acesso às peças acusatórias. Isso é um tanto quanto Idade Média. Não é isso que se pratica hoje no Brasil", disse.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..