Fernando Baiano é apontado pelos investigadores da Lava-Jato como operador de propinas do PMDB no esquema de corrupção instalado na Petrobras. Ele também está preso e já é réu em ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro. O esquema de pagamento de propinas a agentes públicos e políticos, entre 2004 e 2014, foi desbaratado pela força-tarefa da Lava-Jato.
"Fernando teria apresentado projetos na área de coqueamento junto a Arábia Saudita, iniciativa que não foi concretizada 'porque o projeto não andou', não recordando de outro projeto que o mesmo tenha apresentado", disse Dalmazzo.
O engenheiro afirmou que Fernando Baiano foi apresentado a ele por Elton Negrão, executivo da Andrade Gutierrez preso pela Erga Omnes, a nova etapa da Lava-Jato que mirou também a Odebrecht, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, foi detido.
A transcrição do depoimento de Dalmazzo. "Que Fernando foi apresentado a sua pessoa por Elton Negrão, tratando com este e com o declarante quanto a assuntos pertinentes à área de Óleo e Gás (industrial), não sabendo se o mesmo tratava com outros executivos acerca de outras áreas de atuação da Andrade Gutierrez."
De acordo com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava-Jato, a Andrade Gutierrez pagou propinas para o PMDB. O delator afirma que os valores foram "cobrados e geridos" por Fernando Baiano, a partir de 2008 ou 2009. Baiano teria substituído o doleiro Alberto Youssef no esquema.
Dalmazzo não soube dizer se Fernando Baiano prestou algum serviço de consultoria ou assessoria, "podendo afirmar que, na época em que o declarante esteve na empresa. isso não ocorreu na sua área".
Em depoimento à PF em 19 de maio, o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, admitiu à força-tarefa da Lava-Jato ter sido procurado por Fernando Baiano, para que a empreiteira fizesse doações de campanha ao PMDB.
"Que Fernando Baiano, em uma oportunidade, abordou o declarante, solicitando doação oficial de campanha, possivelmente para o PMDB, o que foi prontamente rechaçado, haja vista que já existia um critério pré estabelecido de doação para o diretório nacional sem a existência de intermediários", afirmou o executivo.
Otávio Marques de Azevedo declarou que manteve "relação institucional" com pelo menos seis políticos do PMDB, incluindo o vice-presidente da República Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ).
"Que conheceu e teve relação institucional com os seguintes políticos do PMDB: Michel Temer, Eliseu Padilha (ministro da Aviação Civil), Eduardo Cunha, Eduardo Paes (prefeito do Rio), Sergio Cabral (ex-governador do Rio e alvo de inquérito na Lava Jato), Aloisio Vasconcelos, dentre outros"..