"Quando entrei (na Câmara) em 2006, cargo em comissão, o deputado Pedro Corrêa fez um acordo comigo. Ele me propôs esse acordo, eu dava metade (do holerite) para ele. Essa metade era depositada para o Ivan Vernon."
Vernon trabalhou no gabinete de Corrêa. Era homem de confiança do parlamentar. Ele também é alvo da Lava-Jato. Vera Lúcia depôs na semana passada como testemunha na ação penal em que Corrêa é acusado de corrupção passiva e propinas no esquema Lava Jato.
Um procurador da República que compareceu à audiência na Justiça Federal no Paraná indagou. "Esse ajuste foi direto com o sr. Pedro Corrêa?". "Isso, isso", ela respondeu.
O procurador pediu a Vera Lúcia que detalhasse. "Como funcionava? A sra. recebia salário em conta bancária? Como procedia?"
Ela disse. "Meu salário vinha na conta bancária. Eu transferia para a conta do Ivan, direto da minha conta prá conta do Ivan."
"A sra. fez entrega em dinheiro também?"
"Não, acho que não."
"Foi Pedro Corrêa quem pediu para transferir (o dinheiro para a conta dele)?", insistiu o procurador.
Vera Lúcia. "Quando eu estava desempregada eu pedi. Ele (Corrêa) disse: 'então vamos fazer esse acordo, você vai prá presidência do partido'. No final de 2010, o deputado perdeu os cargos (foi cassado). Aí eu fiquei um ano quase em casa.
Nessa ocasião, já em 2012, segundo o relato de Vera Lúcia, a então deputada Aline Corrêa (PP/PE), filha de Pedro, a convidou para trabalhar com ela. "Fui pro gabinete (de Aline) até 2015. Aí sim fui secretária parlamentar."
No gabinete de Aline o contracheque de Verá Lúcia saltou para 'R$ 10, R$ 11 mil' - aí, segundo ela, já não repassava parte dos vencimentos para Pedro Corrêa.
Ela explicou qual era sua função. "Eu pagava as contas dela (Aline), tinha procuração, ia no banco. Passei a ser uma secretária dela, eu tinha acesso às duas contas dela no Banco do Brasil. Eu pagava as contas. Eu ficava no gabinete, atendia telefone, cuidava da agenda dela, cuidada da mala direta." Pedro Corrêa nega as acusações da Lava-Jato..