Os principais rendimentos do encontro ao Brasil são de natureza econômica, uma vez que a agenda bilateral de Dilma com investidores dos Estados Unidos foi considerada bem-sucedida.
O especialista Lucas Leite, da Unesp e pesquisador visitante da Georgetown University em Washington, reitera o papel do Global Entry como um dos pontos mais positivos da visita e acrescenta outro valor. “A visita de Dilma Rousseff aos Estados Unidos teve um papel não apenas prático, de estabelecer acordos e entendimentos, mas também simbólico. Representou o estreitamento das relações entre dois países que têm um longo histórico de cooperação e que precisavam demonstrar terem superado o anterior episódio da espionagem norte-americana”, disse.
O episódio protagonizado pela Agência de Segurança Nacional (NSA) americana, em 2013, fez com que Obama figurasse como o “devedor” do encontro bilateral desta semana. “Não deixa de ser uma forma de compensar todo o mal-estar e desconfiança que havia com os EUA e de reconstruir as pontes com os americanos, uma vez que Obama entra como devedor nessa história”, avaliou Belém Lopes.
‘Potência global’
Ao definir o Brasil como uma “potência global”, e não “regional”, Obama enviou uma resposta ao mundo de efeito mais diplomático do que prático, consideram os acadêmicos.
O professor Feliciano de Sá Guimarães, da USP, reforça a interpretação de que a leitura de Obama sobre o Brasil deve ser vista com reserva. “Obama mostrou interesse em cativar as autoridades brasileiras, uma vez que a visão do Brasil em ascensão no cenário global é algo muito caro por aqui, independentemente do matiz político. Ao mesmo tempo, os EUA percebem o Brasil como uma potência regional com crescente influência em diversos palcos globais.”
China
Segundo Guimarães, há outros interesses por trás da simpatia norte-americana. “Provavelmente, há uma leitura em Washington de que, embora em crise, o Brasil continuará a ter mais influência. Há também um interesse dos EUA em não deixar o Brasil gravitar totalmente para a esfera de influência chinesa, e a visita de Dilma é uma oportunidade nesse sentido. Tratar o Brasil com importância, ajuda”, analisou.
O vice-presidente da Americas Society, Brian Winter, afirmou que os investidores presentes em reunião com a presidente saíram bem impressionados nesse momento de reabertura comercial. “A presidente estava relaxada, atenta aos comentários dos presentes, demonstrando uma posição amigável com o setor privado. Os EUA sabem, há uma década, que o Brasil é a sétima economia mundial.” .