O atentado contra o promotor, segundo investigou a Polícia Civil, teria sido uma vingança justamente pelas apurações que Cunha fazia sobre o desvio de verbas públicas por autoridades municipais. Valdelei foi cassado pelo envolvimento nas fraudes e por isso o filho teria tentado matar o promotor, à época atuante na Comarca de Monte Carmelo e atualmente pertencente ao Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (GCOC). Na operação "Feliz Ano Novo", realizada em 2013, o MP já havia cumprido mandados de prisão e de busca e apreensão em vários locais, tentando locaizar documentos e indícios das fraudes.
A partir daí, a delegada Karen de Paula Lopes, do Núcleo de Combate aos Crimes Praticados por Agentes Políticos Municipais com Foro de Prerrogativa de Função, prosseguiu com a investigação que desvendou o esquema envolvendo empresários da cidade, políticos e servidores públicos. Segundo ela apurou, quatro processos licitatórios foram manipulados para que a Regional Construtora & Engenharia Ltda fosse a vencedora.
A delegada conta que Mário Sérgio Silva Gotti Junior (filho de Mario Gotti) e Maurenísio - identificado pela polícia como cabo eleitoral de Valdelei-, eram oficialmente os donos da empresa, criada exclusivamente para participar das licitações. Outros empresários da cidade inscreviam suas empresas no processo apenas para apresentar propostas e validar a disputa.
O ex-secretário de Fazenda do município, Valdivino dos Reis da Cunha, um dos presos na Operação “Feliz ano Novo”, revelou que foi orientado pelos superiores a garantir que a Regional Construtora & Engenharia Ltda ganhasse as quatro licitações, que somadas custaram R$463 mil a Monte Carmelo. Em troca disso, o ex-vereador garantia apoio da câmara aos projetos do prefeito votados na casa.
Segundo a investigação da Polícia Civil, além das fraudes das licitações e do atentado ao promotor, a organização criminosa supostamente também teria cometido mais um crime na cidade ao ter alvejado a casa do vereador Wilson Dornelas. Ao definir pelos indiciamentos, a delegada também pediu a prisão dos envolvidos e o afastamento daqueles que ainda estão exercendo cargos públicos, como é o caso do prefeito Fausto Reis Nogueira e do vice-prefeito João Batista Chaves Filho. A Justiça ainda não se manifestou sobre esses pedidos.
Além do prefeito, do vice, do ex-secretário da Fazenda, do ex-vereador e do empresário Mario Gotti, estão indiciados o ex-secretário de Governo e Gestão, Osmildo Moura, o procurador do Município, Edésio Henrique Santos; os servidores públicos Rodrigo Constantino de Aguiar e Marcos César Tozato. Também foram indiciados a contadora da Regional Construtora & Engenharia Ltda, a servidora da Controladoria Financeira da Câmara Municipal, Iara Coelho, Marco Antônio Nunes de Souza e os empresários Helder Falcão Aragão, Manoel Aparecido Duarte e Aldo de Sousa Filho.
Com informações da Polícia Civil de Minas Gerais.