Brasília, 02 - O empresário Auro Gorentzvaig, ex-conselheiro e acionista da Petroquímica Triunfo, disse nesta quinta, 2, na CPI da Petrobras que sua empresa foi "expropriada" pela estatal para que a Braskem, subsidiária da Odebrecht, fosse beneficiada. Ele acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de agir para promover o monopólio no mercado. "A família Odebrecht é dona do Brasil", declarou.
Gorentzvaig contou que entrou na Justiça para retornar ao mercado petroquímico. "Não tínhamos a intenção de vender. Fomos praticamente expropriados pelo governo", disse o empresário, ressaltando que o ex-presidente Lula queria apenas "dois players" no mercado.
Ele reclamou que sua empresa foi repassada por um valor quase 10 vezes menor que o que valia e disse que Lula "realizou o sonho" da Odebrecht. Gorentzvaig disse que se reuniu em 2009 com o ex-presidente e que o petista teria chamado o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para participar da reunião.
O empresário repetiu o que disse ao Ministério Público Federal: que a Petrobras comprou a Petroquímica Suzano pelo triplo do valor de mercado. A Suzano foi comprada pela estatal por R$ 4,1 bilhões quando valia R$ 1,2 bi, afirmou. "É maior que Pasadena", comparou. O empresário revelou que o Grupo Suzano também recebeu R$ 1 bilhão do BNDES.
Num dos momentos acalorados da sessão, o empresário defendeu a intervenção militar no País "com pedido de eleições, o mais rápido possível". "Não sei se é o caso de fechar o Congresso, talvez seja", afirmou, para em seguida negar que tenha defendido o fechamento do Parlamento. A declaração causou tumulto no plenário. "Não somos obrigado a ouvir nenhum tipo de desrespeito", reagiu o presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB).
Pessoa
Motta leu na tarde desta quinta na comissão um ofício do ministro Teori Zavascki, relator do processo da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), informando que não compartilhará os dados da delação premiada do empreiteiro da UTC, Ricardo Pessoa.
O delator foi convocado pela CPI, mas seu depoimento não foi marcado ainda porque os deputados esperavam ter acesso ao conteúdo da delação. Sem conhecer a delação, os membros da CPI temem que Pessoa venha à comissão e fique calado.