Pressionado por parte da cúpula do PMDB para deixar a articulação política do governo, o vice-presidente Michel Temer negou que se sinta sabotado pelo PT e disse que, independente de estar ou não formalmente designado para a tarefa, continuará "sempre" na articulação política do País. "Essa especulação se eu vou deixar ou não, eu acho um pouco fora de prumo. Porque o que se espera do vice é que ele sempre ajude na articulação política. Esteja eu designado ou não, eu continuarei sempre na articulação política do País", disse.
Na semana passada, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu publicamente que Temer deixasse a articulação política do Palácio do Planalto após a fim das votações do ajuste fiscal. "O Michel entrou para tentar melhorar essa articulação política e está claramente sendo sabotado por parte do PT. Eu acho que, a continuar desse jeito, o Michel deveria deixar a articulação política", defendeu Cunha. Hoje, no entanto, Temer disse que tem trabalhado na liberação de emendas parlamentares, obrigação prevista em lei, e que essa "ideia da sabotagem está descartada". "Não há sabotagem nenhuma, há naturais dificuldades", afirmou.
Temer disse ainda que ficou "surpreso" com informações veiculadas de que a presidente Dilma Rousseff lhe teria conferido mais poderes para tocar a articulação. "Não sei que mais poderes preciso para exercer tarefa de vice e articulador político", disse.
Reajuste no judiciário
Temer afirmou que o governo está trabalhando para encontrar uma solução em relação ao projeto, aprovado na semana passada no Senado, que concede reajuste de até 78% a servidores do Judiciário. "Cria um problema para o Executivo. Os valores são acentuados, mas as conversas continuam", disse. Segundo Temer, antes de chegar ao veto presidencial "ainda há diálogo com poder judiciário."
"Nós esperamos que as conversações da área econômica com o judiciário tenham resultado para os servidores", afirmou. A presidente Dilma Rousseff classificou de "lamentável" e "insustentável" o projeto.