Ufá, Rússia - A presidente Dilma Rousseff chegou nesta quarta-feira ao hotel Bashkortostan no centro da cidade de Ufá, no interior da Rússia. Após pernoitar em Portugal, a presidente não falou com a imprensa, embora jornalistas a tenham questionado na portaria do hotel sobre a troca de acusações de "golpismo" entre o governo e opositores.
A comitiva brasileira deixou Brasília na terça-feira, fez uma escala técnica em Porto, em Portugal, onde a delegação pernoitou, e seguiu viagem à região centro-sul da Rússia, em que se situa Ufá.
Para o governo russo, a cúpula dos Brics é uma oportunidade de mostrar que o país não está isolado pela comunidade internacional, mesmo com as sanções impostas pelos Estados Unidos e a União Europeia em razão do conflito no leste da Ucrânia. A crise diplomática e militar deve ser evocada, assim como a turbulência da Grécia e da zona do euro - tema que no entanto não constava até a terça-feira do rascunho de declaração final que será publicada ao término do evento.
Mas o maior interesse da cúpula é a coordenação econômica e financeira entre os grandes emergentes, que enfrentam reduções em seus ritmos de crescimento ou, no caso do Brasil e da Rússia, recessões. Um dos focos de interesse será o roadmap, o projeto de estratégia de parceria econômica para áreas como investimentos em infraestrutura, comércio, energia, agricultura, tecnologia, entre outras, com iniciativas para acelerar o ritmo de crescimento.
Outro tema importante é a criação das regras de funcionamento do Fundo Contingente de Reservas (CRA), espécie de Fundo Monetário Internacional dos Brics, que disporá de US$ 100 bilhões - dos quais US$ 18 bilhões do Brasil. A outra instituição criada pelos quatro sócios dos Brics, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), entra neste ano em fase operacional com um total de US$ 50 bilhões para financiar projetos de infraestrutura.